“Um dos objetivos que temos é acompanhar transversalmente os efeitos que a pandemia tem vindo a revelar do ponto de vista da intensidade da criminalidade, ou seja, devemos fazer uma comparação com os números da criminalidade de 2019. Porque 2020 e 2021 teve e tem alterações na estrutura da criminalidade e agora é necessário avaliar os afeitos do confinamento”, disse José Luís Carneiro.
O ministro da Administração Interna falava aos jornalistas numa conferência de imprensa realizada após a reunião do Conselho Superior de Segurança Interna, na qual foi aprovado o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2021.
Segundo o RASI, a criminalidade participada registou um aumento de 0,9% em 2021 face a 2020, enquanto a criminalidade violenta e grave diminuiu 6,9% e entre os crimes que subiram estão a criminalidade grupal, delinquência juvenil, furto de catalisadores e a violação.
O ministro afirmou que a delinquência juvenil “é um assunto que merece maior atenção”, sendo “um dos indicadores que preocupa”, uma vez que “tem havido indícios que está a aumentar nos meios urbanos”.
O governante sustentou que é necessário procurar detetar as causas do aumento da delinquência juvenil, podendo “haver uma relação com o período de confinamento e o regresso ao convício social”.
O ministro avançou que o Governo tem preparada uma estratégia que passa pelo policiamento de proximidade junto dos jovens, nomeadamente aqueles que concluem o acompanhamento tutelar da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), que em articulação com as autarquias e segurança social requerem um acompanhamento, estando a ser trabalhada no âmbito da renovação dos contratos de segurança.
Em relação à delinquência urbana, José Luís Carneiro referiu que o Governo está a concluir o plano de segurança 2022/2026 para acompanhar esta problemática, nomeadamente durante a noite.
O governante sublinhou que Portugal continua a ser um dos países mais seguros do mundo, sublinhando que é um dado “muito relevante que mostra a eficácia e eficiência das forças e serviços de segurança”.
“Não devemos ignorar que estamos a sair de uma avaliação de dois anos de pandemia, que naturalmente tiveram efeitos na redução de alguns indicadores e também na alteração dessa criminalidade”, disse, destacando os efeitos dos confinamentos, como “uma redução da criminalidade nos espaço público e aumento dos crimes em espaço fechado como as violações”.
Por sua vez, a ministra da Justiça deu conta do aumento nos últimos anos da criminalidade relacionada com a informática.
“A vida quotidiana mudou do papel para o digital e isto teve reflexos ao nível da criminalidade, nomeadamente ao nível da burla informática. É preciso trabalhar quando estamos a falar do ‘phishing’ [recolha não autorizada de dados] e de burlas relativas às aplicações que permite fazer pagamentos com toda a facilidade”, disse Catarina Sarmento e Castro.
A ministra considerou que é preciso investir nos meios de combate à criminalidade informática, nomeadamente através de um reforço dos meios da Polícia Judiciária, e investir na literacia, designadamente ao nível da formação dos mais idosos.
Catarina Sarmento e Castro referiu também que a violência doméstica desceu em 2021, mas é um crime que se deve “continuar a dar muita atenção”, sendo necessário articular o trabalho que é feito pelas forças policiais e pela Procuradoria-Geral da República.
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