O Ministério da Agricultura começou na semana passada o programa nacional de luta biológica contra esta praga, prevendo uma a duas largadas por semana até ao início de outubro que se vai estender a todas as freguesias identificadas com focos de infestação em citrinos, afirmou hoje o secretário de Estado da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Nuno Russo, que falava aos jornalistas em Coimbra, onde foi feita a segunda largada dos insetos.
As largadas vão decorrer em freguesias afetadas, especialmente na região Centro, Norte e Lisboa, por forma a garantir que a praga "não chegue à região do Algarve", frisou.
"Em resultado das primeiras largadas experimentais feitas em outubro de 2019, que teve resultados promissores, avançamos com um plano nacional para erradicar a praga em Portugal e evitar a sua dispersão para o resto do país, sobretudo no sul, onde estão os pomares de citrinos fundamentais para aquela região, para a agricultura nacional e para as exportações", vincou Nuno Russo.
De acordo com o governante, a ação está a decorrer em coordenação com os serviços fitossanitários espanhóis (que fornecem o parasitoide), visto que a praga também foi identificada na Galiza e nas Canárias.
O programa teve uma primeira fase experimental, em 2019, com a largada de 1.800 insetos parasitoides ‘Tamarixia dryi' na região Centro e Oeste.
Segundo a subdiretora da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, Paula Carvalho, a praga ‘Trioza erytreae' deixa os ovos nas folhas dos citrinos, sendo que as "ninfas do inseto - os filhotes - ficam em buraquinhos, debaixo das folhas e vão-se alimentado até virar adulto".
Durante a alimentação, formam-se uma espécie de "borbulhinhas [nas folhas], que são muito visíveis", notou.
Apesar de o inseto ter uma capacidade de voo de 2,5 a três quilómetros, "o grande problema é a deslocação de plantas que não têm sintomas, mas que propagam o inseto a grandes distâncias", alertou.
Apesar de poder causar estragos diretos às plantas - árvores muito afetadas podem ter a sua produção condicionada -, nos pomares tratados e comerciais "consegue-se controlar a ‘Trioza'", explicou Paula Carvalho.
O maior receio é que este inseto pode ser portador de uma bactéria que deixa a fruta azeda e ácida e cujo único tratamento existente "é o arranque da árvore", disse.
Até agora, em Portugal, de todas as análises e controlos feitos, ainda não foi encontrada a bactéria, disse, frisando a importância de se erradicar o inseto que a pode transportar.
"Ter o inseto vetor da bactéria preocupa-nos", asseverou.
De acordo com Paula Carvalho, o inseto não apresenta qualquer risco para a saúde das pessoas, podendo-se continuar a comer limões e laranjas de árvores afetadas por esta praga.
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