Um porta-voz do Exército de Arakan disse à agência de notícias Associated Press que o grupo tinha capturado no domingo o último posto avançado do exército de Myanmar na estratégica cidade de Maungdaw.

Khaing Thukha disse, na segunda-feira à noite, que o comandante do posto, o general brigadeiro Thurein Tun, foi capturado durante a operação.

O Exército Arakan indicou controlar todo o norte do estado de Rakhine (antigamente conhecido como Arakan), onde o grupo quer estabelecer um governo autónomo.

Desde novembro de 2023, o Exército Arakan conquistou 11 dos 17 municípios de Rakhine, juntamente com um no estado vizinho de Chin.

A região de Rakhine tornou-se um ponto fundamental na guerra civil de Myanmar, na qual guerrilheiros pró-democracia e grupos armados de minorias étnicas, que procuram autonomia, lutam contra a junta militar, que assumiu o poder em 2021 depois de depor o governo eleito de Aung San Suu Kyi.

O avanço do Exército Arakan, o braço militar do grupo étnico budista Rakhine, suscitou receios de um renascimento da violência organizada contra membros da minoria muçulmana Rohingya, semelhante à que levou, em 2017, pelo menos 740 mil pessoas a fugir para o vizinho Bangladesh.

O grupo foi acusado de graves violações dos direitos humanos, particularmente durante a captura da cidade de Buthidaung, em meados de maio.

O Exército Arakan terá forçado cerca de 200 mil residentes, na maioria Rohingya, a abandonarem a cidade, tendo depois incendiado grande parte dos edifícios.

Em setembro, a junta militar convidou os grupos armados a encetar conversações de paz, uma proposta que, na altura, não foi atendida.

No final de novembro, um primeiro grupo rebelde, o Exército de Libertação Nacional de Ta’ang (TNLA, na sigla em inglês), abriu a porta a conversações de paz, sob a égide de Pequim, para pôr fim aos confrontos iniciados em 2023 perto da fronteira chinesa.

Na semana passada, um segundo grupo rebelde, a Aliança Nacional Democrática de Myanmar (MNDAA, na sigla em inglês), aliada do TNLA, disse estar aberto a conversações com a junta.

A Aliança, que luta há anos pela autonomia da minoria Kokang, de língua chinesa, controla vastas áreas do estado de Shan, incluindo a cidade estratégica de Lashio e a autoestrada que conduz à China, vital para a economia de Myanmar.