"Cumprimos as exigências impostas pelos ministérios da Segurança e do Interior (…), mas vamos continuar a defender os nossos direitos como cidadãos e como organização cívica", declarou à agência de notícias francesa AFP Alfredo Okenve, vice-presidente do Centro para o Desenvolvimento de Estudos e Iniciativas (CEID). O presidente da CEID, Enrique Asumu, também preso a 17 de abril, havia sido libertado sob as mesmas condições, depois de pagar dois milhões de francos CFA (cerca de três mil euros) no dia 26 de abril.
A multa seria por uma ‘infração administrativa’ que ambos cometeram, ao manter em funcionamento o CEID depois do Governo ter suspendido as suas funções, que segundo os juristas locais não dá direito a prisão.
A polícia da Guiné Equatorial prendeu Enrique Asumu e Alfredo Okenve a 17 de abril, sem apresentar uma acusação formal.
O Ministério do Interior ordenou ao CEID que suspendesse as suas atividades por tempo indeterminado em março de 2016. A CEID apelou da decisão de suspensão das suas atividades, mas não recebeu sequer uma resposta, segundo um representante da organização. Alguns colegas de Asumu e Okenve disseram que as autoridades equato-guineenses chegaram a ameaçar multá-los por violarem esta ordem.
A organização anunciou em setembro de 2016 que iria retomar as suas atividades e, desde então, tem organizado e participado em eventos em que representantes das várias autoridades ministeriais também compareceram.
A 17 de abril, Asumu e Okenve foram chamados aos gabinetes do ministro da Segurança Nacional, que está situado no mesmo prédio da Delegacia Central de Malabo. O ministro interrogou os dois homens no seu escritório por mais de cinco horas, de acordo com dois colegas que os acompanharam a esta reunião.
Os ativistas já não abandonaram mais as instalações depois do interrogatório, ficando presos. As autoridades não os apresentaram diante de um juiz, o que é uma exigência da lei num prazo de 24 horas. Também não foram formalmente acusados, o que, de acordo com a lei da Guiné Equatorial, deve ocorrer dentro do prazo de 72 horas.
Hoje, o Presidente Teodoro Obiang também demitiu o ministro dos Desportos e presidente da Federação de Futebol da Guiné Equatorial, segundo um comunicado divulgado pela televisão estatal. Andres Jorge Mbomio foi substituído por um dos cunhados do Presidente, Candido Nsue Okomo, de acordo com outro decreto lido na televisão estatal.
O ministro cessante é suspeito de desviar centenas de milhões de francos CFA. Como presidente da Federação de Futebol da Guiné Equatorial, demitiu o técnico espanhol Andoni Goikoetxea no início de janeiro de 2015, alguns dias antes do início da Taça das Nações Africanas, coorganizada entre Guiné Equatorial e o Gabão.
Ex-diretor da empresa nacional de petróleo (Gepetrol), o novo ministro tem um impressionante património imobiliário e tem ainda uma escola de futebol, a Cano Sport Academy (CSA).
A Guiné Equatorial integra a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.
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