Neste sábado, pouco após as 8h locais, várias pessoas, inclusive a deputada democrata Tulsi Gabbard, anunciaram nas redes sociais terem recebido uma mensagem nos seus telemóveis, enviada através do sistema de alertas oficiais Amber. "Ameaça de míssil balístico em direção ao Hawai. Procure um abrigo imediato. Isto não é um exercício", podia ler-se na mensagem.
O governador do Hawai, David Ige, e a agência local para situações de emergência (EMA) afirmaram, pouco depois, que o arquipélago não estava sob a ameaça de um míssil balístico, mas tudo aconteceu no meio de um contexto geopolítico tenso, devido às ameaças de ataque nuclear feitas pela Coreia do Norte contra interesses americanos.Nos últimos meses, a Coreia do Norte realizou vários lançamentos de mísseis. Em setembro, fez seu sexto teste nuclear, o mais poderoso até então. O que tornou o alerta mais plausível e mais assustador.
Como tudo aconteceu? De acordo com o governador do Hawai, o erro aconteceu durante a troca das equipas de trabalho do EMA. No teste regular da troca de turno, "alguém pressionou o botão errado".
O governador pediu, contudo, para que se mantenha"confiança no nosso sistema", indicando que fará o possível para que situações semelhantes não voltem a ocorrer.
A Casa Branca afirmou que o presidente Donald Trump foi informado sobre o incidente.
"Uma falha épica de liderança"
Em conferência de imprensa, o diretor do EMA, Vern Miyagi, pediu desculpas pelo erro e assumiu a responsabilidade pelo incidente. Recusou-se, contudo, a dizer se o agente que enviou o alerta falso seria punido. "Essa pessoa sente-se mal", disse, "não fez de propósito".
A secretária de Segurança Interna, Kirstjen Nielsen, pediu à população para "não tirar uma conclusão equivocada" do incidente. "Podem confiar nos sistemas do governo, testamo-los diariamente. Este foi um erro muito infeliz, mas estes alertas são vitais, os segundo e minutos podem salvar vidas", disse neste domingo à Fox News.
"Detestaria que ninguém desse importância às advertências do sistema do governo", acrescentou a responsável, indicando que as autoridades locais e estatais trabalham para "garantir que isto [o que aconteceu no Hawai] não volte a acontecer".
Mas as críticas surgiram rapidamente. O sistema de alertas demorou cerca de 40 minutos para desmentir a mensagem falsa através de um novo comunicado.
"É uma falha épica de liderança", disse a deputada Gabbard, que confirmou com as entidades de defesa que se tratava de um alarme falso muito antes das autoridades havaianas.
"É inaceitável isto acontecer, mas o facto de levar tanto tempo para enviar uma segunda mensagem para acalmar as pessoas é algo que tem que ser solucionado", acrescentou Gabbard ao canal ABC News.
"Todos estavam em pânico"
Alison Teal, que vive no arquipélago, disse por e-mail à AFP que quando recebeu o alerta viveu o pior momento da sua vida". "Corri para a minha família e alertei a todos na praia que tinham que fugir. O meu companheiro correu para casa. Todos estavam em pânico", contou.
Até descobrirem que era apenas um erro, quase uma hora depois, passou-se uma eternidade, segundo ela.
Lauren McGowan, de férias na ilha de Maui, onde fica Honolulu, contou à AFP que funcionários do hotel Montage Kapalua Bay lhe pediram que se abrigasse no porão da cafeteria dos empregados. "Ninguém entrou em pânico, mas foi confuso".
A emissora Hawaii News Now divulgou imagens de estudantes da Universidade do Hawai, em Manoa, bairro de Honolulu, a correr para se refugiar.
Um apresentador da meteorologia de Nashville, Jim Jaggers, publicou no Twitter uma foto da sua família escondida num armário.
O alerta falso foi enviado apenas um mês depois de o Hawai testar o seu sistema de sirenes para ataque nuclear. O estado realiza essas simulações - as primeiras do tipo desde a Guerra Fria - mensalmente para testar o sistema de sirenes, disse um funcionário de gestão de emergências à AFP.
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