Este mês, a unidade hospitalar do distrito do Porto registou o nascimento do bebé mil, um número que em 2018 só tinha sido atingido em dezembro, perspetivando-se para este ano crescimento de 25% no número de partos, que se deve cifrar nos 1.300 nascimentos.
A inversão nos números aconteceu a partir de 2015, quando na unidade poveira, da rede do Serviço Nacional de Saúde (SNS), nasceram ‘apenas' 737 crianças, fazendo "soar os alarmes" entre os responsáveis e impulsionado uma série e alterações no serviço de obstétrica.
"Tivemos de envolver todos os profissionais numa luta para fazer mais e melhor, procurando a inovação e conhecimento, mas, sobretudo, oferecendo uma experiência de parto humanizada, com todas as técnicas disponíveis e tendo na segurança a palavra chave", explicou à agência Lusa Gaspar Pais, presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar.
O responsável aponta que os objetivos traçados, que estão constantemente "a ser registados, avaliados e implementados", têm levado a uma curva ascendente na procura das parturientes pela unidade, facto que já extravasa as fronteiras dos dois concelhos.
"O serviço já atingiu uma maturidade que dá confiança a quem nos procura e que o divulga. Cerca de um terço das parturientes não são da área de influência do hospital, vêm de todo o país e, inclusive, das ilhas", vincou Gaspar Pais.
No epicentro deste sucesso está, na opinião de Joaquim Monteiro, diretor clínico da unidade, o "trabalho multidisciplinar que extravasa ao próprio serviço" e que vai contornando "as dificuldades de recursos humanos que, como em todo o país, são limitados".
"Temos o mérito de superar as deficiências estruturais e de pessoal, com um atendimento humanizado e multidisciplinar, antes durante e pós-parto, que tem cativado quem nos procura e confia um momento tão importante da vida", acrescentou o clínico.
Apostados em fazer "mais e melhor", mesmo tendo em conta as limitações, Irene Cerejeira, enfermeira chefe do serviço, reconheceu a ambição de "produzir resultados no âmbito do SNS", mas garantiu que, antes dos números, está "uma preocupação com as pessoas".
"Ouvimos os casais, as práticas que querem ter acesso, as escolhas que podem ter e tentamos que durante todo o processo possam estar bem informados e, inclusive, possam mudar de opinião. Colocamos o casal no centro de tudo", explicou a enfermeira.
Irene Cerejeira considera que no Centro Hospitalar da Póvoa de Varzim/Vila do Conde se conseguiu "mudar a forma de nascer", apontando "o trabalho anterior e posterior ao nascimento, onde se orienta a viver a gravidez, preparar o parto e a experienciar a parentalidade".
Esta mudança de paradigma na forma com se encara as diferentes etapas do parto foi "um processo lento", tanto para as parturientes como para o corpo clínico da unidade hospitalar, que se teve de adaptar a novas orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
"Não foi uma adaptação fácil, exigiu sacrifício, algum tempo, e persistência. Mas, quando os resultados apareceram, todos ficaram satisfeito pelo contributo dado, contagiando, até, outros serviços do hospital, e sendo uma referência para unidades do país que nos procuram para perceber o caminho feito", lembrou Manuel Morim, diretor do serviço de obstetrícia.
A ambição de crescimento deste Centro Hospitalar, e mais concretamente do serviço, esbarra na sua capacidade infraestrutural, algo que está a ser colmatado com um projeto em conjunto com a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e Ministério da Saúde, com um valor de cinco milhões de euros, que vai ampliar a unidade para um edifício contíguo, propriedade autarquia.
"A área disponível é o nosso ‘calcanhar de Aquiles'. Precisávamos de três vezes mais espaço para os cuidados de saúde que queríamos. Ainda assim, dentro de meses, vamos conseguir renovar a parte do internamento do serviço de obstétrica, com quartos duas camas, casa de banho e luz natural", garantiu Gaspar Pais, presidente do conselho de administração.
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