“Existem situações com anos e isto não é caso isolado no Hospital de Santo António [que pertence ao CHUP]. Tivemos uma senhora que fez cá os 100 e os 101 anos. Tivemos um caso de doente de cirurgia vascular que esteve connosco três anos. São casos sociais”, descreveu o diretor clínico do CHUP.
Os casos sociais são situações em que o paciente permanece internado no hospital apesar de já ter condições para regressar a casa, no entanto ou por falta de retaguarda familiar ou de condições de habitação não chega a sair da unidade hospitalar.
“Encontraram-se soluções nas chamadas ERPIs [Estruturas Residenciais para Idosos]. Ao contrário do que se pensam nem sempre estas situações acontecem por abandono da família. Cada caso é um caso, mas nem sempre é por falta de vontade dos familiares em acolher as pessoas. Há situações muito especificas e difíceis”, disse José Barros.
José Barros revelou que “nos últimos 15 dias com a colaboração” da tutela foi possível “encontrar solução” para 25 casos, mas admitiu que ainda existem outros cerca de 25 por resolver.
O diretor clínico destacou esta é “em tempo de pandemia uma boa notícia” porque os chamados “casos sociais ocupam camas do hospital que são fundamentais para situações clinicamente mais graves”.
“Já para não falar dos riscos associados. Estas pessoas [casos sociais] podem já nem estar doentes, mas corem o risco de voltar a ficar por estarem tendencialmente mais expostos a infeções”, acrescentou a diretora do Centro Integrado de Cirurgia de Ambulatório do CHUP, Maria Sameiro Pereira.
A diretora acrescentou que a capacidade de internamento dos hospitais sai prejudicada com os casos sociais, “ainda que muitas destas pessoas considerem o hospital a sua casa e olhem para os profissionais de saúde como familiares”.
O CHUP tem um tempo médio de internamento de oito dias, valor que varia e é diferente em cuidados intensivos.
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