A programação abre no sábado com um recital pelo titular do órgão, Giampaolo Di Rosa que apresenta “Il Salmo; parola e suono”. Este concerto, segundo afirmou à agência Lusa o reitor do santuário, monsenhor Agostinho Borges, é constituído pelo coral de Johann Sebastian Bach sobre “Aus tiefer Not, schrei ich zu Dir” ("Da minha dor mais profunda, clamo ao Senhor", em tradução livre), de Lutero, inspirado no salmo 129 “De profundis clamavi ad te, Domine”.
“Aliás, Bach (1685-1750), não foi o único compositor que, ao longo da história, se inspirou neste tema”, referiu.
“A seguir, após a leitura do salmo, o organista Giampaolo Di Rosa faz uma improvisação sobre o mesmo tema, em forma de poema sinfónico, seguindo este género musical”, acrescentou o responsável da igreja, referindo que “a arte da improvisação está ligada à presença do órgão de tubos na liturgia católica e quem mais avançou nesta arte foi a tradição francesa”.
O segundo recital, no dia 14, é dedicado ao compositor francês Louis Vierne (1870-1937), com a interpretação das Sinfonias n.ºs 2 e n.º 4, transpostas para órgão, pelo organista alemão Ansgar Wallenhorst.
No dia 20, o concerto é um “Tríptico a Nossa Senhora de Fátima”, num tributo à canonização de Francisco e Jacinta, que deverá acontecer no dia 13 de maio, por ocasião da visita pastoral do papa Francisco a Fátima.
“Este concerto é constituído por improvisações sobre os dois cânticos habitualmente cantados em Fátima e sobre o ‘Salve Regina’, do canto gregoriano”, afirmou o reitor.
“Na improvisação, o organista é simultaneamente compositor e executor. Quer dizer que executa, compondo e tocando, um projeto, tendo em conta a gramática musical. Tratando-se de um órgão sinfónico, é como se o organista fosse compositor, diretor e executor, como acontece com uma orquestra. O compositor e organista é o Giampaolo Di Rosa”, explicou.
No dia 27 de maio, a igreja de Santo António é cenário de dois concertos distintos. Às 12:00 locais, o organista Giampaolo Di Rosa interpreta peças do compositor francês Olivier Messiaen, falecido há 25 anos, nomeadamente transposições para órgão de obras de Franz Liszt (1811-1886), e um espetáculo de fado.
O objetivo de Giampaolo Di Rosa é fazer a interpretação da integral de Olivier Messiaen para órgão, apresentando, no dia 28, "L'Ascension” e “Méditations sur le Mystère de la Saint Trimnité I”.
“Messiaen foi um grande professor, compositor e organista também, designadamente na Église de la Trinité, em Paris, de que foi organista titular”, afirmou o reitor.
No dia 27, às 21:00, cumprindo uma tradição deste templo, realiza-se uma noite de fado com Beatriz Felício, acompanhada por Paulo Valentim, na guitarra portuguesa, e Paulo Ramos, na viola. Esta noite de fado foi protagonizada em edições anteriores por Clara Cristão, Katia Guerreiro, Joana Amendoeira e Raquel Tavares, entre outras fadistas.
Entretanto, Giampaolo Di Rosa, ainda este mês, no dia 19, toca na Sé de Vila Real, onde também é organista titular.
Giampaolo Di Rosa, de 44 anos, toca desde os nove anos, tendo iniciado os seus estudos organísticos em Roma, onde estudou composição, canto gregoriano e improvisação litúrgica.
Segundo o responsável pela Igreja de Santo António, o organista é frequentemente apelidado como “o cavaleiro andante da música”, pelo facto ter seguido de Roma para Nápoles e depois para a Alemanha, onde fez uma pós-graduação e um mestrado em órgão, estudou cravo, 'performance' e pedagogia musical, tendo ainda estado em Paris.
Em Portugal estudou no Porto e em Aveiro, sendo atualmente organista titular da Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma.
O Grande Órgão Mascioni da igreja de Santo António dos Portugueses, inaugurado a 07 de dezembro de 2006, foi projetado pelo organista francês Jean Guillou e, segundo Giampaolo di Rosa, "é único na capital italiana quanto à originalidade e funcionalidade no espaço sagrado que o acolhe".
A igreja de Santo António dos Portugueses, de construção barroca, edificada na segunda metade do século XVII, funciona como a igreja nacional da comunidade portuguesa em Roma.
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