Estas posições distintas sobre o estado da segurança em Portugal foram transmitidas na parte inicial do período de declarações políticas na reunião plenária da Comissão Permanente da Assembleia da República.

Rodrigo Saraiva, ex-líder parlamentar da IL e atual vice-presidente da Assembleia da República, fez uma intervenção em que partiu da tese de que “segurança e liberdade são duas faces da mesma moeda”, rejeitando assim o dualismo filosófico em que se procura estabelecer uma linha de demarcação entre esquerda e direita em torno destas matérias.

O deputado da IL defendeu então que, face à complexidade dos riscos à segurança que se colocam atualmente no cenário internacional, exige-se que Portugal deixe de estar numa posição de vulnerabilidade, principalmente em comparação com outros Estados-membros da NATO, e possua finalmente um conceito de segurança que reúna amplo consenso nacional.

Rodrigo Saraiva apontou então alguns acontecimentos que considerou preocupantes, como o assalto à base militar de Tancos, a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), mas também casos recentes como o assalto à Secretaria Geral do Ministério da Administração Interna e a fuga de cinco reclusos classificados como perigosos da prisão de Vale de Judeus em Alcoentre.

O dirigente da bancada do PSD António Rodrigues elogiou o sentido da intervenção de Rodrigo Saraiva e criticou o número excessivo de entidades na área da segurança, que disse dificultarem a coordenação entre serviços.

Bem diferente foi a intervenção da deputada do Chega Rita Matias, que procurou relacionar insegurança com imigração, citando dados (não confirmados por outras forças políticas) de que Portugal desceu de terceiro para o 30º lugar no ranking da segurança.

Rita Matias falou também em “bandalheira na justiça” e questionou Rodrigo Saraiva se vai ficar ao lado da “bandalheira na imigração” ou a favor da segurança nacional.

“No próximo dia 21 vamos sair à rua para defender o controlo das fronteiras. De que lado vai ficar a Iniciativa Liberal?”, questionou.

Na resposta, Rodrigo Saraiva observou o aparente silêncio do Chega quando recebe parceiros sociais que defendem a necessidade económica de Portugal acolher mais imigrantes por falta de mão-de-obra.

Numa anterior declaração política, o presidente da bancada do Chega, Pedro Pinto, acusou o atual Governo PSD/CDS-PP de ter “traído” o eleitorado de direita que pediu em março passado uma mudança política.

De acordo com Pedro Pinto, entre os governos socialista e o atual verifica-se uma continuidade. Continuidade na existência de ambulâncias em fila à porta dos hospitais, continuidade no “caos” no atendimento às grávidas ou na hipótese de 117 mil alunos começarem o ano letivo sem pelo menos um professor, ou, ainda, no “aumento da criminalidade e na imigração descontrolada”.

“Qualquer semelhança entre os governos PS e o atual não é ficção mas pura realidade”, considerou o presidente do Grupo Parlamentar do Chega.