Gotabaya Rajapaksa prometeu que renunciaria esta quarta-feira, dia 13, e abriria o caminho para uma "transição pacífica" após os grandes protestos contra o seu governo devido à gestão da crise sem precedentes no país.
No fim de semana, o presidente de 73 anos fugiu da residência oficial em Colombo pouco antes da invasão do local por milhares de manifestantes.
O chefe de Estado e sua esposa passaram a noite anterior à viagem que pretendiam fazer para o Dubai numa base militar, segundo fontes oficiais.
No aeroporto, porém, os funcionários do serviço de imigração negaram o acesso à sala VIP para carimbar o seu passaporte. Rajapaksa queria evitar o terminal público por medo da reação dos cingaleses. Como ainda não renunciou, Rajapaksa beneficia de imunidade presidencial e pode utilizá-la para buscar refúgio no exterior.
O seu irmão Basil, que pediu a demissão em abril do cargo de ministro das Finanças, também não conseguiu embarcar no avião com destino ao Dubai.
"Alguns passageiros protestaram contra o embarque de Basil no seu voo", afirmou à AFP um funcionário do aeroporto. "Foi uma situação tensa e ele decidiu abandonar o aeroporto de forma precipitada", acrescentou.
Basil, que tem dupla nacionalidade, precisou de obter um novo passaporte depois de deixar o seu na mansão presidencial quando a família foi obrigada a fugir antes da invasão da multidão furiosa, afirmou uma fonte diplomática.
De acordo com fontes oficiais, na residência foram encontradas uma mala repleta de documentos e 17,85 milhões de rupias (50.000 dólares), que foram entregues às autoridades.
O gabinete do presidente não informou sobre a sua situação, mas Rajapaksa permanece como o chefe de Estado, o que significa que pode recorrer aos militares. Esta possibilidade abre o caminho para que utilize um navio militar e siga até à Índia ou às Maldivas, segundo uma fonte do ministério da Defesa.
Outra alternativa, acrescentou a fonte, seria fretar um avião para transportá-lo do segundo aeroporto internacional do país, em Mattala, inaugurado em 2013 e que recebeu o nome do irmão mais velho do presidente, Mahinda.
O local é considerado um elefante branco, sem voos internacionais regulares e provavelmente o aeroporto internacional menos utilizado do mundo.
Rajapaksa é acusado de má gestão da economia, o que levou o país a um cenário de caos e uma crise profunda por falta de divisas, o que torna impossível financiar as importações de produtos essenciais para a população de 22 milhões de habitantes.
O Sri Lanka declarou moratória da dívida de 51 mil milhões de dólares em abril e está em negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para receber um empréstimo.
Além disso, o país quase esgotou as suas reservas de combustível e o governo ordenou o encerramento das administrações não essenciais e das escolas para reduzir os deslocamentos.
Se Rajapaksa renunciar como prometeu, o primeiro-ministro Ranil Wickremesinghe substitui-lo-á até que o Parlamento escolha um presidente interino para o restante do seu mandato, que termina em novembro de 2024.
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