"A leitura que posso fazer já todos a fizeram, agora é preciso evitar a sério que estas coisas se repitam prevenindo e evitando as causas tão nefastas que aconteceram", afirmou D. Manuel Clemente à agência Lusa.
O Cardeal Patriarca de Lisboa sublinhou que "o Estado tem de garantir que coisas destas não voltem a acontecer", esperando que "o ordenamento territorial e das áreas florestais seja feito na medida do possível para evitar causas dos incêndios".
O responsável assegurou que a Igreja tem estado presente, "desde o primeiro momento", a apoiar com a "solidariedade ativa", desde ações de solidariedade, donativos ou deslocações aos territórios afetados pelos fogos.
"Que seja uma ocasião para apoiar os que sofreram, reconstruir terras e vidas, empresas e economias e garantir o futuro com mais consciência, responsabilidade e eficiência", apelou.
D. Manuel Clemente falava à margem da apresentação do livro "A População do Patriarcado de Lisboa", de autoria de João Cosme.
A 18 de outubro, o papa Francisco enviou uma mensagem de solidariedade às vítimas dos incêndios que atingiram Portugal, encorajando "instituições e pessoas de boa vontade a prestarem, nestes momentos difíceis, uma ajuda eficaz com espírito generoso e fraterno".
A mensagem foi transmitida numa carta enviada ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Clemente, através do secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos, maioritariamente nos distritos de Coimbra, Viseu e Guarda e cerca de 70 feridos, continuando desaparecidas duas pessoas.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas.
Os últimos dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) indicam que os incêndios que deflagram a 15 de outubro consumiram 190.090 hectares de floresta, quase metade (45%) da área ardida deste ano, contabilizada em 418.087 hectares, o segundo pior ano depois de 2003.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.
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