“O PSD concorda com esta declaração de calamidade pública, julga que ela até peca por tardia, mas não nos surpreende porque este Governo chega sempre tarde e a más horas, o que julgamos é que é uma calamidade que vai, no fundo, tentar resolver a calamidade que é esta descoordenação e falta de liderança”, afirmou o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Carlos Abreu Amorim, em declarações aos jornalistas na sede do PSD/Porto.
O social-democrata explicou que o estado de calamidade “vem tarde” porque “o país vive em calamidade pública desde há dois meses” e a essa calamidade pública é somada ao “estado calamitoso” da Proteção Civil e da Segurança Interna em Portugal.
“Nós assistimos, nos últimos dois meses, a um espetáculo absolutamente deprimente em que várias entidades públicas, que são responsáveis pela Proteção Civil e Segurança Interna, a digladiar-se publicamente e a arremessar culpas umas às outras”, frisou.
Para o PSD o “grande responsável” por esta situação é o primeiro-ministro que, sublinhou, é “muito lesto a fazer declarações públicas, muito lesto a fazer oposição à oposição, mas infelizmente é menos rápido, célere e eficaz a liderar o seu próprio governo”.
Na opinião do social-democrata, “nunca” Portugal assistiu a uma descoordenação e falta de liderança “tão grande”, não sendo mais tolerável que as várias entidades continuem a apontar o dedo umas às outras.
Carlos Abreu Amorim defendeu ainda que é “necessário” que as Forças Armadas colaborem de “forma plena e inequívoca” no combate aos fogos, assim como é “urgente” elaborar um plano de cooperação entre entidades de Proteção Civil, freguesias, municípios e sociedade civil.
“O PSD tem duas sugestões, a primeira é de que é preciso que as Forças Armadas colaborem de forma plena e inequívoca neste combate que o país está a travar (…) esta guerra [dos incêndios] tem de ser travada na primeira linha pelas Forças Armadas que têm de colaborar na vigilância das florestas e nas tarefas de prevenção e combate aos fogos na medida das suas possibilidades”, afirmou.
Outras das medidas sugeridas pelo deputado é a elaboração de um plano de cooperação entre as entidades da Proteção Civil, os municípios, as freguesias e a sociedade, apelando ao voluntarismo dos portugueses.
“Os portugueses devem ser chamados a estas tarefas de proteção e vigilância das florestas porque as entidades públicas, aquelas que dependem do sistema da Proteção Civil, aquelas que dependem do Ministério da Administração Interna, não estão a conseguir cooperar entre si, não têm liderança e estão mais preocupadas em passar as culpas umas às outras do que acudir a esta calamidade”, sustentou.
Carlos Abreu Amorim recordou que a sociedade civil, sobretudo depois da tragédia de Pedrógão Grande, demonstrou uma generosidade e altruísmo “sem comparações” com aquilo que se passa noutros países.
“Nunca tivemos um ano como estes”, terminou.
O Governo anunciou hoje de que vai declarar o estado de calamidade pública, com efeito preventivos, face à previsão do agravamento nos próximos dias do risco de incêndio, nos distritos do interior das regiões Centro e Norte e alguns concelhos do distrito de Beja e sotavento algarvio.
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