São mais de dez candidatos, mas a disputa adivinha-se entre o atual presidente, Jair Bolsonaro, e o antigo presidente Lula da Silva. A última sondagem coloca Lula à frente, com 44% dos votos, e Bolsonaro atrás, com 32%, uma diferença que tem vindo a esbater-se.
Convidámos para debater o tema Inês Patrício, professora reformada de Economia e de Ciência Política, há 46 anos a viver no Rio de Janeiro - altura em que foi juntar-se ao pai, Rui Patrício, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros de Marcello Caetano -, e Irineu Ramos, jornalista, filho de portugueses emigrantes.
Ela, assumidamente lulista, quer a democracia de volta, o fim da fome e a aposta na educação. "A Revolução dos Cravos mostrou como é possível que o exército seja democrático, aceite lutar pela democracia e depois retirar-se e tornar-se mais omisso em relação à política". "Com Lula tivemos democracia, mas também diminuição das desigualdades, saímos do mapa da fome", diz Inês Patrício.
Ele, devotamente Bolsonaro, acredita que o Brasil está bem assim e defende o regresso do nacionalismo. Cita o Fundo Monetário Internacional para dizer que "o Brasil está na contramão do mundo" e que "o governo brasileiro conseguiu reduzir a inflação e o desemprego", embora admita que "mais empregos, não significa necessariamente emprego formal, significa trabalho".
Inês Patrício preocupa-se com o aumento da violência e "a decisão do presidente de liberar a compra e o porte de armas", Irineu Ramos elogia "o fim da corrupção".
Ela garante que "o Brasil está à beira do precipício", e que "grupos de milícias armados controlam a população". Ele contesta que foi "o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a polícia de entrar nos morros cariocas e isso atraiu bandidos de todo o Brasil para o Rio de Janeiro" e diz que os "mais de 100 processos contra o presidente no STF são só para atrapalhar o brasileiro".
Quem os ouvir julga que vivem em países diferentes, tão distintas são as duas conceções de mundo. Concordam num assunto, as relações do Brasil com o exterior, nomeadamente com a Rússia, com quem continua a fazer negócios. E também acreditam que é possível esgrimir argumentos de forma civilizada.
Também disponível em:
Comentários