O conselheiro nacional José Cardoso vai disputar no próximo fim de semana a liderança liberal com os deputados e dirigentes Rui Rocha e Carla Castro e adianta à agência Lusa a forma como irá tentar que seja possível uma segunda volta nestas eleições.
“Vou apresentar um regimento alternativo, porque a convenção é o órgão máximo do partido, portanto, tem, por maioria de razão, a palavra final na forma como é que quer conduzir o processo da sua convenção”, explica.
Em novembro, o Conselho Nacional que marcou a convenção e determinou o seu regimento recusou esta proposta, mas o candidato considera que como este órgão “inclui os votos da comissão executiva”, a votação “acaba por estar inquinada”.
“A segunda volta permite que pessoas votem em ideias e não em calculismos e num partido que diz que é um partido das ideias não posso imaginar outra ideia que não seja ter uma segunda volta”, desafia.
De acordo com José Cardoso, esta “está contemplada nos dois maiores partidos portugueses” porque “ninguém quer um líder eleito com 30% ou com 40%” já que isso, “mais tarde ou mais cedo, dá asneira”.
“O partido precisa de solidez para aproveitar a falta de eleições legislativas nos próximos três anos para construir algo sólido. Duvido que o faça com uma liderança fragilizada”, defende.
Na análise do candidato, “vale a pena insistir” na segunda volta e esta irá “beneficiar quem ganhar porque vai-lhe dar a solidez do resultado e assim terá a capacidade de fazer com tranquilidade aquilo que andou a dizer”.
Já sobre a situação política nacional e questionado sobre a forma como primeiro-ministro se tem referido à IL, o conselheiro nacional começa por sublinhar uma postura que denota “falta de respeito até pelos próprios cidadãos”.
Mas há uma questão política que José Cardoso assinala, desde logo porque “o socialismo tem andado a navegar e a passear por Portugal sem uma verdadeira oposição” e é agora a IL que está “a tocar na ferida” e que vai fazer com que as pessoas percebam que o PS “não tem solução”.
Para o liberal, o seu partido não se devia ter deixado enredar nos “chavões do neoliberal ou dos meninos ricos da Lapa para quem a redução dos impostos é tudo”, algo que o partido não é porque a “grande maioria dos membros são trabalhadores por conta de outrem”.
Já sobre o Chega, José Cardoso ressalva que é um erro ostracizar o partido de André Ventura não só porque é isso que o alimenta, mas também porque “as pessoas só estão a manifestar-se em partidos populistas ou extremistas porque os partidos moderados falharam”.
No entanto, é evidente para o liberal que o seu partido não pode governar com o Chega porque baseia as suas “decisões em ciência, em factos, em práticas, em bons exemplos europeus” e o partido de Ventura “em populismo, espuma dos dias e conversa quase de café”.
Sobre o acordo nos Açores, o candidato deixa claro que a IL fez um acordo com o PSD e com mais ninguém, tendo sido depois os sociais-democratas que se entenderam com o Chega.
“Se a Iniciativa Liberal conseguir fazer acordos parlamentares ou de governo com partidos moderados que não sejam estatizantes nem populistas e que contribua para um caminho mais liberal que, no fundo nós acreditamos e lutamos, eu acho que deve fazê-lo”, disse.
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