“Esperamos que o Governo israelita faça desta questão uma prioridade. Proteger os civis, dar às pessoas a ajuda de que necessitam, isso tem de ser a prioridade número um, mesmo que façam o que for necessário para defender o país e enfrentar a ameaça representada pelo Hamas”, frisou Blinken, em declarações aos jornalistas.

O chefe da diplomacia norte-americana falava após uma reunião à porta fechada sobre a ajuda a Gaza, que juntou Chipre, os Emirados Árabes Unidos, o Qatar e a União Europeia (UE), pouco depois de se ter reunido com o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, na sede do Departamento de Estado.

Borrell denunciou esta terça-feira o uso da fome “como arma de guerra” em Gaza, acusação que o secretário de Estado norte-americano não subscreveu, sublinhando que Israel estava a deixar “entrar comida”.

A reunião de hoje teve como objetivo finalizar os detalhes sobre a construção de um cais na costa da Faixa de Gaza para descarregar carregamentos de ajuda, adiantou Blinken.

Um primeiro navio que utilizou um corredor marítimo entre Chipre e a Faixa de Gaza para entregar ajuda humanitária partiu na terça-feira para o território palestiniano.

Confrontada com as quantidades de ajuda consideradas insuficientes, a comunidade internacional procura diversificar as rotas de distribuição através de lançamentos aéreos ou de um corredor marítimo a partir do Chipre.

Blinken insistiu na necessidade de “inundar a região” com ajuda humanitária no território palestiniano sitiado pelo Exército israelita e onde as condições de vida estão a deteriorar-se drasticamente, a ponto de a ONU temer a fome generalizada.

“Há movimento, e é positivo, mas contínua insuficiente”, apontou Blinken, citando os diferentes meios de entrega de ajuda humanitária, por via rodoviária, aérea ou mesmo marítima.

Para Blinken, Israel “deve abrir o maior número possível de pontos de acesso, e mantê-los abertos para garantir que as coisas fluam de forma sustentável” na Faixa de Gaza, lamentando a este respeito “restrições que não são necessárias”.

A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 07 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.

Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 31 mil mortos e mais de 73.000 feridos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.

Desde então, outras 420 pessoas terão sido mortas na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental pelas forças de segurança e por ataques de colonos israelitas.

A ONU denunciou hoje que o número de crianças mortas pelos bombardeamentos em Gaza é superior ao número de crianças mortas em todas as guerras dos últimos quatro anos.