“As cenas trágicas que se desenrolam na Faixa de Gaza, resultantes do cerco e da falta de [acesso] a necessidades básicas, combinadas com a destruição provocada por bombardeamentos significativos [de Israel], estão a fazer soar o alarme para a comunidade internacional”, dá conta uma carta endereçada por Charles Michel aos chefes de Estado e de Governo da União Europeia (UE).
Por essa razão, o presidente do Conselho convocou “um Conselho Europeu extraordinário, que vai realizar-se por videoconferência na terça-feira”, às 17:30 locais (16:30 em Lisboa).
“É da maior importância que o Conselho Europeu, em linha com os tratados e os nossos valores, estabeleça uma posição comum e uma linha de ação clara e unificada que reflita a complexidade da situação que se desenrola”.
Na opinião de Charles Michel, o conflito “tem muitas consequências, incluindo para a UE”.
“Em primeiro lugar”, prosseguiu na missiva destinada, entre outros, ao primeiro-ministro português, António Costa, a União “sempre foi e tem de continuar a ser uma firme defensora da paz e do respeito pela lei internacional, como foi com a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia”.
A União Europeia “deve trabalhar para providenciar assistência humanitária” à população palestiniana, “evitar uma escalada regional do conflito e quaisquer brechas na lei humanitária”.
“Não devemos perder de vista a importância de procurar uma paz duradoura e sustentável baseada na solução dos dois Estados através de esforços revigorados no Processo de Paz do Médio Oriente”, completou.
Voltando-se para as comunidades presentes nos 27, Charles Michel alertou para “as consequências”, “se não houver cuidado”, do “potencial de exacerbar tensões entre comunidades e alimentar extremismos”, nomeadamente contra muçulmanos e manifestações antissemitas.
Finalmente, o presidente do Conselho Europeu alertou que pode haver um êxodo de refugiados que, “se não for tratado com cuidado”, pode agravar o problema migratório que existe às portas da Europa.
“É imperativo que abordemos todos estes desafios juntos. A nossa unidade é a nossa força”, finalizou na carta endereçada aos 27.
O movimento islamita Hamas lançou no sábado passado um ataque surpresa contra Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias infraestruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade.
Os ataques já provocaram milhares de mortos e feridos nos dois territórios.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, afirmou que Israel está “em guerra” com o Hamas.
(artigo corrigido às 22:06)
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