O Tribunal de Recurso de Svea sentenciou hoje o fotógrafo e dramaturgo Jean-Claude Arnault a dois anos e meio de prisão por violar a mesma mulher duas vezes, há sete anos.
Em outubro, o francês de 72 anos, que é casado com uma ex-membro do conselho da Academia Sueca, foi considerado culpado de uma violação em 2011, mas foi absolvido de uma segunda violação, porque a vítima disse que estava a dormir. Na altura, o Tribunal Distrital de Estocolmo considerou que o depoimento não era confiável.
Contudo, o tribunal de recurso fez "uma avaliação diferente", dizendo que, no segundo caso, "o acusado era culpado de violação, para além de qualquer dúvida razoável”.
O depoimento da mulher "deu uma impressão credível", considerou o tribunal, acrescentando que sua acusação "foi fortemente suportada por várias testemunhas", consideradas "confiáveis e suficientes" para uma condenação.
O tribunal disse ainda ter levado em consideração a "idade relativamente avançada" de Arnault e "o tempo excecionalmente longo desde a ofensa cometida até à acusação".
A Academia atravessa uma situação crítica desde há um ano, quando um jornal sueco publicou as denúncias por abuso de 18 mulheres contra o artista francês Jean-Claude Arnault, ligado à instituição através da sua mulher, - a poeta Katarina Frostenson - e do seu clube literário.
Uma auditoria concluiu que não influenciou decisões sobre prémios e subsídios, embora o apoio económico recebido pelo seu clube viole as regras de imparcialidade, já que a sua mulher, membro da academia, era coproprietária.
A Academia mudou os estatutos para permitir a renúncia real dos seus membros e a eleição de novos, e recorreu a um grupo externo de especialistas em direito, resolução de conflitos, organização e comunicação.
Cinco membros da Academia renunciaram formalmente desde o ano passado e três saíram temporariamente, incluindo os dois últimos secretários, Sara Danius e Peter Englund.
Entretanto foram eleitos, como novos académicos o professor Mats Malm, o jurista Eric Runesson e a escritora Jila Mossaed.
A atribuição do Prémio Nobel de Literatura deste ano foi adiada, pela primeira vez em sete décadas, o que significa que em 2019 serão atribuídos dois prémios, medida justificada pela falta de confiança e pelo enfraquecimento da instituição.
Fica por resolver a situação de Katarina Frostenson, que se recusou a renunciar voluntariamente, conforme solicitado pela instituição, o que levou à abertura de uma investigação sobre uma possível violação dos estatutos da Academia.
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