Num discurso no encerramento do 7.º Congresso Extraordinário do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), em Luanda, o também Presidente de Angola referiu-se à estratégia do partido até às eleições previstas para 2020, apelou ao resgate dos valores e da cidadania, exigiu o cumprimento das obrigações fiscais por parte das grandes empresas e pediu maior apoio para as micro, pequenas e médias empresas.
Na esfera económica, o líder do MPLA, eleito no 6.º Congresso Extraordinário de 2018, substituindo José Eduardo dos Santos, apelou também ao aumento da produção nacional, de forma a diminuir as importações e aumentar a autossuficiência alimentar, e garantiu que o Governo a que preside “está a criar condições para o investimento do setor privado” no país.
“O aumento da produção nacional só se conseguirá se o setor privado se envolver. O Estado não foge das suas responsabilidades para ajudar a criar as infraestruturas – água, energia e acessos rodoviários e ferroviários -, mas cabe ao privado crescer e gerar emprego”, disse João Lourenço.
Nesse sentido, lembrou estar em curso um processo de privatizações de empresas públicas “ociosas, que nada ou pouco produzem”, pelo que a intenção é “descolar dessa prática” e “mostrar ao mundo” que Angola está a sair das “intenções para a ação”.
Esse “descolar”, prosseguiu, deve também incluir o apoio aos jovens, sobretudo aos “criativos e inovadores” que têm porta aberta a ações de empreendedorismo, setor que João Lourenço disse “acarinhar” e em relação ao qual apelou à comunicação social angolana para servir de “olheira”, para divulgar os “talentos e os bons exemplos e de sucesso”.
“Temos de fazer chegar o crédito, ou o microcrédito, a todo o país, para que as pessoas não sejam obrigados a deslocar-se a Luanda, tarefa que cabe aos bancos, que têm de passar a ter dimensão nacional para ir ao encontro dos cidadãos”, defendeu João Lourenço, entrando, por aí, na questão da descentralização do poder e as inéditas eleições para as câmaras municipais.
O líder do MPLA disse que todo este processo tem de deixar de ser conjuntural, limitado no tempo, “para se tornar para sempre”, de forma a evitar o “muito peso” do Estado, nomeadamente nas empresas públicas, tirando “pressão” ao emprego na administração pública: “O Estado não pode ser o empregador número um”, afirmou.
Nesse sentido, mostrou-se convicto de que, com a entrada de novos 134 membros para o Comité Central do MPLA (decisão aprovada no sábado no conclave e que aumentou o número de elementos deste órgão para 497), na maioria com menos de 45 de idade anos e com formação superior, o rejuvenescimento do partido está garantido, preparando-o para os desafios do desenvolvimento e eleitorais.
João Lourenço negou que a entrada de novos membros para o Comité Central implique a saída da “velha guarda” e recorreu a nova analogia futebolística, ao afirmar que um treinador faz normalmente duas ou três substituições num jogo e que nunca viu um técnico a fazer oito ou nove, alertando, porém, que “poderá haver substituições, “que vão acontecer quando tiverem de acontecer e no tamanho que tiverem de acontecer”.
“A meta é a ambição da produção, da exportação e do fomento do emprego e esse é um dever que cabe, antes de mais, aos militantes do MPLA, a todos. É um dever que temos de fazer pela pátria”, concluiu.
O 7.º Congresso Extraordinário do MPLA, iniciado no sábado, terminou também com a eleição do novo secretário-geral do partido – entrou Paulo Pombolo, até agora secretário para a Informação e porta-voz do “Éme”, para o lugar de Boavida Neto, no cargo desde setembro de 2018 – e com a votação para o novo Bureau Político, de 72 membros.
Boavida Neto “desceu” para o Bureau Político, onde estão também o presidente do parlamento, Fernando Piedade Dias dos Santos (Nandó), o vice-presidente de Angola, Bornito de Sousa, e vários ministros, como Manuel Domingos, Carolina Cerqueira, José Carvalho da Rocha, Manuel Nunes Júnior, Marcos Nhunga, Maria Ângela Bragança, Pedro Sebastião e Sílvia Lutucuta.
Para o Bureau Político do MPLA entram também a secretária de Estado do Orçamento e Tesouro, Vera Daves, bem como o presidente do Governo Provincial de Luanda, Sérgio Luther Rescova, entre outras personalidades.
As conclusões do conclave ainda não foram apresentadas pelo MPLA, que Governa Angola desde a independência, em 1975.
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