João Oliveira, ex-líder parlamentar do PCP, falava no final de um almoço comício em São João da Talha, município de Loures, antes da intervenção do secretário-geral comunista, Paulo Raimundo.
Num discurso muito aplaudido, o “número um” da CDU nas eleições para o Parlamento Europeu começou por dizer que a sua força política parte para o ato eleitoral de 9 de junho próximo “com as baterias carregadas, de cabeça erguida e de peito cheio”.
João Oliveira acentuou que, para o PCP, não se coloca a saída de Portugal da União Europeia. E negou a ideia de que as posições do seu partido conduzam o país ao isolamento em termos de relações externas.
“É exatamente o contrário: defendemos o alargamento a outros povos e a outros Estados, porque o euro e as regras do mercado único contribuem para o afunilamento das nossas relações internacionais apenas com os países da União Europeia. Ora, a União Europeia é muito pequena para o espaço de política externa que o povo português tem de fazer”, alegou.
Depois de um ataque cerrado “à submissão de Portugal face a imposições de Bruxelas”, João Oliveira apontou como principal exemplo de decisão contrária ao interesse do povo português a subida das taxas de juro decretada pelo Banco Central Europeu – um conjunto de medidas “em nome de um suposto combate à inflação” e que gerou “escandalosos aumentos dos lucros da banca e a ruína de muitas famílias”.
“Do que nos serve uma moeda única que demonstra ser demasiado cara para a nossa economia? De que serve dizer-se a um jovem que pode ir até Praga sem trocar de dinheiro se ele nem sequer tem meios para sair de casa dos pais? Precisamos de enfrentar essas imposições da União Europeia que nos prejudicam”, declarou.
Neste contexto, o cabeça de lista da CDU apontou ainda como exemplo das consequências nefastas das políticas europeias o concelho de Loures, que perdeu várias grandes indústrias nos últimos anos.
“Sem produção não há emprego de qualidade. Não queremos que Portugal se transforme numa estância de férias”, disse.
Sem se referir diretamente à questão da guerra na Ucrânia, o membro da Comissão Política do PCP defendeu a paz e invocou para esse efeito o 25 de Abril de 1974,”revolução que pôs termo à guerra colonial”.
Neste ponto, deixou uma advertência: “Com o espetro da guerra, com perspetivas cada vez mais sombrias para as nossas sociedades, a paz tem de ser a resposta do povo português. Se chegarmos ao ponto de vermos os nossos filhos e netos a serem mobilizados para uma guerra, então poderá já ser demasiado tarde”.
No primeiro discurso da sessão, Mariana Silva, da comissão executivo do PEV e candidata da CDU nas eleições europeias, defendeu como prioridade de ação o combate às alterações climáticas e o desenvolvimento de uma rede de transportes públicos.
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