Escreve o Público esta segunda-feira que a proposta por parte do Politico foi enviada nas últimas semanas de 2020 pela gestora de parcerias estratégicas do jornal, através dos canais diplomáticos em Bruxelas. Todavia, o Governo não comprou nenhum dos serviços apresentados.

O dossier enviado ao Governo tinha o título Oportunidades de parceria" e incluía propostas num total de 19 páginas, informando quais os vários "conteúdos" informativos que Portugal poderia comprar ao Politico para promover a sua presidência — passando por "artigos multimédia" (cerca de 40 mil euros) e anúncios digitais, como os retângulos  ao lado da manchete (7 mil euros por dia).

"Esta proposta global pretende descrever como o Politico vai realçar o papel da presidência portuguesa da UE e o seu impacto em milhões de europeus, posicionando Portugal como líder para uma UE de recuperação verde e digital, incluindo prioridades como as questões sociais e as relações UE-Índia", podia ler-se no início do documento, cita o Público.

Para o caso de Portugal, o Politico recomendou "uma abordagem multiplataforma — do branded content às campanhas de media — para estabelecer a presidência portuguesa como líder de pensamento e aumentar a visibilidade". Habitualmente são empresas privadas — e não Governos — que encomendam brand content.

Todavia, o gabinete do ministro dos Negócios Estrangeiros disse ao Público que, por orientação do ministro Augusto Santos Silva, o ministério "não deu seguimento à iniciativa do jornal Politico", já que tal se "trataria de uma despesa sem justificação e porque o ministro entende que a cobertura noticiosa dos factos deve fazer-se pelo seu valor próprio, tal como jornalistas independentes o interpretam".

No entanto, entre os 194 contratos que celebrados pela Estrutura de Missão para a Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia, está a contratação de serviços noticiosos à agência pública Lusa, no valor de 98.813 euros. Conheça alguns dos principais contratos celebrados no âmbito da Presidência Portuguesa.

Outras presidências europeias rotativas aceitaram o serviço. Das últimas 10, pelo menos três compraram conteúdos patrocinados ao Politico: Roménia, Croácia e a Eslovénia, que tem a presidência europeia neste momento.

(Notícia atualizada às 09:26)