Os Estados Unidos tinham apelado ao Governo filipino para que libertasse a jornalista, que também tem a nacionalidade norte-americana, e deixasse o seu sítio na internet “trabalhar livremente”.
Ressa e o seu sítio noticioso Rappler têm adotado uma linha crítica contra a mortífera guerra antidroga conduzida pelo Presidente Duterte, que já causou a morte a milhares de pessoas.
Em consequência, este meio queixa-se de ser alvo de uma campanha de repressão prolongada da parte das autoridades.
A jornalista de 55 anos foi considerada uma das “personalidades do ano” 2018 pela revista Time, por ter “assumido grandes riscos na procura da verdade”.
Nos últimos meses, Ressa e o sítio noticioso que criou foram objeto de múltiplas pressões.
Maria Ressa foi detida à sua chegada ao aeroporto de Manila, quando regressava do estrangeiro. Presente a um juiz horas depois, foi libertada depois de pagar uma caução de 90 mil pesos (1.500 euros).
“A comunicação social é alvo de ataques neste país”, declarou a jornalista aos seus pares. “Não vamos ficar de braços cruzados. O Estado de Direito foi transformado em arma”, adiantou.
Neste novo caso, é acusada, bem como outros seis associados do Rappler, de ter infringido a lei que interdita a estrangeiros a posse de posições na comunicação social.
“Esperamos que estas acusações sejam retiradas rapidamente, para que se respeite plenamente a liberdade de imprensa”, declarou um porta-voz da Casa Branca.
Em 2015, o sítio lançou um empréstimo obrigacionista, que teve entre os compradores destes títulos a Omidyar Network, do fundador da eBay, Pierre Omidyar.
Nos termos da Constituição, o setor da comunicação social está reservado aos filipinos ou a grupos sob o seu controlo.
Ressa tinha sido detida pela primeira vez em fevereiro, por difamação, e passado uma noite detida antes de ser libertada sob caução. Esta detenção suscitou uma série de condenações internacionais.
Vários meios estão sob ataque do Governo, como o jornal Daily Inquirer e a televisão ABS-CBN.
Algumas das vozes mais críticas da repressão antidroga estão presas, como a senadora Leila de Lima, acusada de tráfico de estupefacientes, acusação que disse ser fabricada.
O Rappler criticou a campanha antidroga do Presidente. A polícia já estimou que, desde 2016, matou 5.281 traficantes ou toxicodependentes. Os defensores dos direitos humanos consideram que o número de vítimas é pelo menos três vezes superior e que a campanha pode constituir um crime contra a humanidade.
Duterte não esconde a sua animosidade em relação ao Rappler, que acusa de ser financiado pela CIA, e proibiu em fevereiro de 2018 o acesso ao palácio presidencial a jornalistas deste meio.
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