“Hoje foi a primeira sessão do seu julgamento, mas as autoridades foram incapazes de o trazer por razões de segurança. Por isso, o juiz informou-nos de que o julgamento terá agora início em 17 de agosto”, afirmou o advogado Hisham al-Gaaly, citado pela agência France-Presse (AFP).
Já o chefe da defesa de al-Bashir, Ahmed Ibrahim al-Tahir, considerou que o julgamento não tem “fundamentação política”.
“É unicamente um caso de crime com uma acusação não sustentada”, afirmou, citado pela mesma fonte.
Em 16 de junho, um procurador sudanês anunciou as acusações que al-Bashir enfrenta, naquela que foi a sua primeira presença pública desde que foi afastado do poder, em 11 de abril.
Bashir enfrenta acusações relacionadas com “posse de moeda estrangeira, corrupção, e receção ilegal de ofertas”.
Ahmed Ibrahim al-Tahir afirmou que a acusação contra al-Bashir está relacionada com uma oferta de sete milhões de euros que foram “garantidos por um doador e que não foram incluídos no Orçamento do Estado”.
Em abril, após a sua destituição, o então líder dos militares, o general Abdel Fattah al-Burhan, declarou que foram apreendidos mais de 113 milhões de dólares (102 milhões de euros) em três divisas: sete milhões de euros, 350.000 dólares e cinco mil milhões de libras sudanesas.
Omar al-Bashir foi destituído pelo Exército em 11 de abril, depois de mais de quatro meses de contestação popular, inicialmente motivada pelo aumento dos preços do pão e de outros bens essenciais.
Os protestos acabaram por transformar-se num movimento contra o chefe de Estado, que liderava o país desde 1989, quando chegou ao poder através de um golpe de Estado.
Al-Bashir é alvo de dois mandados de detenção emitidos pelo Tribunal Penal Internacional por genocídio, crimes de guerra e contra a humanidade, cometidos durante o conflito em Darfur (oeste do Sudão).
De acordo com as Nações Unidas, o conflito causou mais de 300.000 mortos desde 2003 e obrigou cerca de 2,5 milhões de pessoas a abandonarem as suas casas.
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