Kevin Spacey compareceu em tribunal, em Nantucket, para responder pela acusação de agressão sexual e lesão corporal a um jovem, que na altura tinha 18 anos.
De acordo com a Associated Press, os advogados do ator deram entrada com uma alegação de inocência e o juiz marcou uma nova audiência para 4 de março, à qual Kevin Spacey não terá que comparecer. Apesar disso, o juiz realçou que o ator terá que estar disponível por telefone.
Os advogados de Kevin Spacey tinham pedido que fossem guardados todos os dados do telemóvel da alegada vítima nos seis meses que se seguiram ao alegado abuso sexual, com a justificação de que os mesmos serão “provável defesa” do ator, algo a que o juiz acedeu.
À saída do tribunal, tanto Kevin Spacey como os seus advogados se recusaram a prestar declarações aos jornalistas.
A audiência de hoje aconteceu mais de um ano depois de a mãe do jovem ter acusado o ator de ter abusado sexualmente do seu filho.
Em novembro de 2017, Heather Unruh contou a alguns meios de comunicação social que Kevin Spacey tinha embebedado o filho dela e depois lhe tinha agarrado os genitais.
Em dezembro, quando soube que deveria comparecer hoje perante um juiz para responder por acusações de agressão sexual e lesão corporal, Spacey colocou no Youtube um vídeo chamado “Vou ser franco”, um trocadilho com o nome da sua personagem na série “House of Cards”, Frank Underwood, e falou pela primeira vez em público desde que surgiram várias acusações contra si.
Falando na voz da personagem, que na série morreu depois de serem tornadas públicas acusações semelhantes às que recaem sobre Spacey, afirma saber que o público o “quer de volta”.
“Claro que houve quem acreditasse em tudo e estivesse à espera de me ouvir confessar tudo. Estão mortos por me ouvir declarar que tudo o que disseram é verdade e que tive o que merecia. Mas não vou pagar pelo que não fiz”, ouve-se no vídeo de três minutos, sem se perceber sem margem para dúvida se o ator se refere às acusações que enfrenta na vida real.
O vídeo termina com Spacey a dizer que em breve será conhecida “toda a verdade”.
Caso seja condenado, Kevin Spacey enfrenta uma pena até cinco anos de prisão.
Esta é a primeira acusação contra Kevin Spacey que chega a tribunal.
Em 2017, surgiu a primeiro denúncia. O ator Anthony Rapp acusou Spacey de o ter assediado sexualmente numa festa em 1986, quando tinham, respetivamente, 14 anos e 26 anos.
Na sequência da acusação, Kevin Spacey assumiu a sua homossexualidade e garantiu que não se recordava do episódio relatado, apesar de ter dito que, se realmente aconteceu, devia “sinceras desculpas” a Rapp pelo seu comportamento.
Entretanto, a produção de “House of Cards” foi suspensa, tendo sido retomada no ano passado.
Antes disso, Netflix e o estúdio Media Rights Capital anunciaram que cortariam relações com Kevin Spacey, tendo ainda a plataforma tornado público o cancelamento do filme sobre o escritor norte-americano Gore Vidal, autor de obras como “Lincoln” ou “Império”, que seria protagonizado pelo ator.
Entretanto, oito atuais e antigos funcionários de “House of Cards” acusaram Spacey de ter tornado tóxico o ambiente da produção da série, por causa do assédio sexual.
Também no final de 2017, o teatro Old Vic, em Londres, reuniu testemunhos de 20 pessoas sobre o alegado “comportamento inapropriado” do ator norte-americano, que entre 2004 e 2015 foi diretor artístico daquela estrutura.
Em agosto do ano passado, o jornal Los Angeles Times avançou que Kevin Spacey estava a ser investigado nos Estados Unidos num novo caso de alegada agressão sexual.
As autoridades já estavam a investigar o ator por um incidente semelhante que terá ocorrido em outubro de 1992, em West Hollywood.
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