“Muitos deles foram brutalmente torturados”, disse Kyrylo Budanov, chefe do departamento de inteligência do Ministério da Defesa ucraniano, numa conferência de imprensa, sem, contudo, avançar pormenores sobre a natureza das supostas torturas.
Budanov adiantou que também “há pessoas cuja condição física é mais ou menos normal”, apesar da “desnutrição crónica devido às más condições prisionais”.
Os prisioneiros foram mantidos em vários estabelecimentos penitenciários em territórios ucranianos ocupados por tropas russas, bem como na Rússia, acrescentou Budanov, que participou na organização da troca de detidos.
Segundo o ministro do Interior da Ucrânia, Denys Monastyrsky, “todos” os ucranianos envolvidos na troca necessitam de “reabilitação psicológica”.
Quarta-feira, a Ucrânia e a Rússia realizaram a maior troca de prisioneiros militares desde o início da invasão russa no final de fevereiro.
Kiev recuperou dez estrangeiros (cinco britânicos, dois norte-americanos, um marroquino, um sueco e um croata) e 205 ucranianos, incluindo os chefes de defesa da siderúrgica Azovstal, na cidade de Mariupol, símbolo de resistência à invasão russa.
Em troca, Moscovo recebeu 55 russos e um ex-deputado ucraniano Viktor Medvedchuk, considerado próximo do Presidente russo, Vladimir Putin, e acusado de alta traição por Kiev.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 13 milhões de pessoas — mais de seis milhões de deslocados internos e mais de 7,4 milhões para os países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa — justificada por Putin com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra 5.916 civis mortos e 8.616 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
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