As autoridades brasileiras suspeitam que estes contratos podem ter gerado pagamentos ilícitos de subornos de 22,3 milhões de reais (5,3 milhões de euros), com base em declarações de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, que celebrou acordo de colaboração (confissão de crimes em troca da redução da pena) com o Ministério Público Federal (MPF) do país.
Entre os alvos da operação está Wilson Quintella Filho, acionista do Grupo Estre, empresa que firmou contratos de serviços na área ambiental e construção naval com a Transpetro, e o advogado Mauro de Morais.
Sérgio Machado revelou às autoridades judiciais que ajustou com Wilson Quintella o pagamento de subornos de pelo menos 1% dos contratos firmados pelo Grupo Estre com a Transpetro.
“O aprofundamento das investigações revelou que as propinas foram pagas por Wilson Quintella em espécie a Sérgio Machado e seus emissários, mediante sucessivas operações de lavagem de capitais que envolveram o escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados”, divulgou o MPF brasileiro num comunicado.
Segundo a Receita Federal, a sociedade recebeu, entre 2011 e 2013, cerca de 22,3 milhões de reais de empresas do Grupo Estre, “sem que tenha prestado efetivamente qualquer serviço”.
O mesmo MPF frisou que a análise da movimentação financeira dos investigados demonstrou que, logo após a realização dos depósitos nas contas controladas por Mauro Morais, ocorriam saques fracionados em espécie como forma de burlar os controles do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
No período mencionado nas investigações, o advogado terá sido responsável por retirar mais de 9,5 milhões de reais (2,2 milhões de euros).
Sérgio Machado e os seus emissários relataram o recebimento de dinheiro em espécie que terá sido entregue no próprio escritório Mauro de Morais Sociedade de Advogados por um ex-executivo do Grupo Estre.
O procurador brasileiro Júlio Noronha destacou que “após quase cinco anos de Lava Jato, é impressionante que alguns criminosos ainda apostem na impunidade. Há empresas e pessoas com milhões de reais transacionados sem explicação económica e documental plausível que são alvo desta investigação, que ainda tem muito por avançar”.
“Na maioria dos esquemas de corrupção identificados pela Lava Jato, foi constatado o comprometimento de importantes agentes públicos amparados por um braço político-partidário. O esquema de corrupção cuja investigação se aprofunda hoje não foge a essa regra”, concluiu Roberson Pozzobon, outro procurador brasileiro que faz parte da equipa da operação Lava Jato.
Desde o início da manhã estão a ser cumpridos nesta que é 59ª. fase da Operação Lava Jato, no estado brasileiro de São Paulo, três mandados de prisão temporária e 15 mandados de busca e apreensão.
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