“Uma equipa da BBC foi brevemente detida pelas autoridades enquanto trabalhava em Cartum. Estamos satisfeitos que as autoridades tenham conseguido resolver essa situação rapidamente”, disse a estação pública britânica num comunicado publicado hoje na sua página da Internet.
De acordo com o comunicado, os três jornalistas, que trabalham para o serviço árabe da BBC, foram detidos “quando cobriam protestos pró-democracia na capital, Cartum”.
Da mesma forma, a nota indica que alguns manifestantes fizeram vídeos do momento em que os jornalistas “foram intercetados por um grupo de homens vestidos à paisana que estavam em motocicletas e uma camioneta branco sem placas de matrículas”.
A BBC recordou ainda que desde o golpe de Estado de 25 de outubro “as autoridades (sudanesas) reprimem a liberdade de imprensa, com o encerramento de alguns jornais, operações a redações e agressões a jornalistas”.
Por seu lado, o embaixador do Reino Unido em Cartum, Giles Lever, celebrou a libertação dos jornalistas na rede social Twitter, mas considerou que, “em primeiro lugar, não deveriam ter sido detidos”.
“Esta atitude faz parte de repetidas práticas para incomodar e assustar os jornalistas, que não têm lugar num país que procura uma democracia verdadeira e efetiva”, disse.
A detenção dos jornalistas ocorreu em mais um dia em que os chamados Comités de Resistência, que organizam mobilizações no Sudão, convocaram uma nova jornada de protestos contra o golpe de Estado perpetrado pelos militares em 25 de outubro.
Em 16 de janeiro, a estação de televisão Al Jazeera denunciou que as autoridades sudanesas anularam a credencial de autorização de trabalho após a cobertura dos protestos populares contra a junta militar.
As autoridades sudanesas defenderam então que a medida foi tomada considerando que a Al Jazeera “transmitiu conteúdo nocivo” para a população.
A estação do Qatar já havia denunciado a detenção de vários dos seus jornalistas no Sudão nos últimos meses, incluindo o diretor do seu escritório em Cartum, Al Musalami al Kabashi, que esteve detido durante três dias em novembro passado e submetido a interrogatório, também com relação à cobertura dos protestos.
Mais de 70 pessoas já morreram nas manifestações de protesto no Sudão contra o golpe militar, tendo centenas ficado feridas na repressão das forças de segurança, segundo o Comité de Médicos do país.
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