"Todos eles foram libertados no sábado", afirmou o almirante Oladele Daji, responsável pela operação de salvamento, citado pela AFP, considerando que é “prematuro dar pormenores sobre o seu rapto e os contornos da operação de salvamento".
A Transeste, a empresa alemã que gere o navio porta-contentores Tommi Ritscher, propriedade de uma empresa de Singapura, afirmou em comunicado que "as pessoas detidas pelos piratas que atacaram o navio ao largo de Cotonou, no Benim, a 19 de abril, foram libertadas e em breve estarão com as suas famílias".
No dia 21 de abril, uma operação conjunta das forças especiais da Nigéria e do Benim já havia libertado 11 marinheiros do navio de bandeira portuguesa.
Fonte do Ministério do Mar disse então à Lusa que Portugal estava a acompanhar o ataque ao navio, mas salientou que competia ao Benim coordenar as eventuais ações a tomar.
"Dado o navio se encontrar dentro do mar territorial do Benim (dentro das 12 milhas náuticas), compete ao estado costeiro a decisão e coordenação das ações a desenvolver", disse o Ministério do Mar numa resposta enviada à Lusa, na qual explicou que, "tratando-se de um navio com pavilhão português, o assunto está a ser acompanhado pelas autoridades portuguesas, nomeadamente pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, que estão em contacto com o Estado costeiro onde o incidente ocorreu".
A embarcação encontrava-se fundeada no mar territorial do Benim, a cerca de 2,2 milhas náuticas do porto de Cotonou, onde iria fazer escala, quando foi alvo de um ataque de pirataria.
Com a utilização de uma lancha rápida, os piratas fizeram uma abordagem ao navio durante a madrugada e subiram a bordo. Segundo as autoridades portuguesas, não existiam tripulantes portugueses a bordo, sendo a sua maioria cidadãos filipinos.
Segundo o almirante nigeriano, "a pirataria está a assumir uma dimensão tão grande que está a desenvolver uma economia paralela".
Para Oladele Daji, "as pessoas que cometem estes crimes ao largo da costa, de São Tomé ao Gabão, estão a mando de estruturas maiores comandadas a partir da Europa".
A pirataria no mar está definida no Artigo 101.º da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), contemplando qualquer ato ilegal de violência realizada contra os tripulantes ou passageiros de navios, bem como de ilegal abordagem e tomada de controlo sobre o navio, podendo ser em alto mar ou em área de jurisdição de um país.
Portugal tem um navio de guerra a 800 quilómetros do local, no quadro das operações de combate à pirataria no Golfo da Guiné.
O Gabinete Marítimo Internacional considera que o Golfo da Guiné é um dos locais mais perigosos para tripulações, depois de o número de raptos por piratas ter aumentado no último ano.
Segundo a organização, houve 121 tripulantes sequestrados em 2019 em águas do Golfo da Guiné, um aumento face aos 78 de 2018.
Os ataques e raptos de navios em troca de resgate são relativamente frequentes e, nessa zona, na grande maioria dos casos são levados a cabo por piratas da Nigéria, a maior economia africana, com 200 milhões de habitantes.
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