Este centro integra o projeto ibérico de reprodução em cativeiro do lince ibérico, tendo em vista a sua libertação em zonas preparadas em Portugal e Espanha para receber exemplares desta espécie ameaçada, e tem uma taxa de sobrevivência de 73%, destacou o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) num comunicado divulgado hoje a assinalar a data.
“Nestes 10 anos nasceram 122 animais no CNRLI, dos quais 89 sobreviveram (73%) e 69 foram já reintroduzidos (em Mértola, Portugal e em Espanha, na Analuzia, Extremadura e Castilla La Mancha)”, quantificou o ICNF.
A mesma fonte precisou que, “dos animais que não foram reintroduzidos, cinco foram integrados no programa de cria em cativeiro como reprodutores, e os restantes – não podendo ser libertados nem incluídos no programa de cria por problemas genéticos – foram encaminhados para Zoos ou encontram-se à espera de serem colocados em Zoos ou cercados de visitação”.
“Dos oito animais nascidos em 2019, sete vão ser reintroduzidos na natureza no início de 2020, e um será integrado no Programa Ex Situ como reprodutor”, revelou ainda o ICNF, frisando que está a ser construída “uma Zona de Expansão no CNRLI, que permitirá melhorar a preparação de exemplares para projetos de reintrodução e em simultâneo recuperar animais de campo que sofram lesões ou doenças que impeçam a sua sobrevivência e ponham em risco a de outros linces no meio natural”.
A mesma fonte salientou que “esta instalação permitirá fazer a ponte entre o trabalho veterinário com os linces de cativeiro e de campo, unificando protocolos e equipas e potenciando uma gestão veterinária global para a espécie em território nacional”.
“Foi no dia 26 de outubro de 2009 que o CNRLI recebeu o seu primeiro lince, a Azahar, que hoje se encontra no Jardim Zoológico de Lisboa”, lembrou o ICNF, que é a entidade gestora do CNRLI, em Silves, sublinhando que o lince ibérico (Lynx pardinus) é considerada a espécie de felino mais ameaçada do mundo” e “está originalmente confinada à Península Ibérica”.
O Instituto frisou ainda que, em Portugal, esta espécie “atingiu no início do Século XXI uma fase de pré-extinção” e “os últimos vestígios de lince em território nacional” tinham sido “detetados 2001, em zona de fronteira, provavelmente de um lince dispersante de populações em Espanha”.
“Antes disso, o último vestígio de lince comprovado em Portugal foi registado no início da década de 90 do Século XX. É provável que Portugal tenha perdido as suas populações estáveis durante a década de 80”, referiu a mesma fonte.
O ICNF recordou também que “as últimas populações viáveis de lince-ibérico limitavam-se então no fim do século passado à Andaluzia, em Espanha”, e estavam “divididas por dois núcleos”, que não superavam “cerca de 100 indivíduos no total”.
“Estas, devido à sua reduzida área geográfica e efetivos, estavam em situação muito vulnerável a processos estocásticos (epidemias, fogos, etc.) que poderiam facilmente conduzir a espécie à extinção. A espécie sofrera um declínio muito acentuado e encontrava-se num vórtex de extinção”, argumentou.
Foi esta realidade que levou à criação, em 1998, do programa de reprodução em cativeiro como uma “ferramenta prioritária para viabilizar a conservação da espécie, para que constituísse um seguro de vida face à possibilidade real de extinção da espécie no estado selvagem”, sustentou o ICNF.
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