“Pensamos que não há perseguição política e nem há justiça seletiva, porque a prática mostra todos os dias que nós estamos a combater vários focos de corrupção, não só no topo da pirâmide, mas também na base”, disse Luísa Damião Santos.
A dirigente do partido no poder em Angola falava na cidade da Praia, após um encontro com a presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Janira Hopffer Almada, partido da mesma família política, que no fim de semana realiza o seu XVI Congresso ordinário.
Para sustentar a ideia de que não há perseguição política nem justiça seletiva em Angola, a vice-presidente do MPLA lembrou que alguns administradores que estão a ser acusados de peculato foram detidos há dias.
“É uma prova evidente que a justiça está a fazer o seu trabalho e não há nenhuma justiça seletiva como se quer fazer crer”, reforçou.
Luísa Damião Santos referiu que o MPLA, liderado pelo Presidente angolano João Lourenço, assumiu como bandeira o combate à corrupção, e pediu colaboração da sociedade, das famílias, escola e igrejas, “no sentido de moralizar toda a sociedade contra as más práticas”.
“Esta é uma prova evidente que o nosso programa está a ser colocado em marcha. Em Angola temos o poder legislativo, o poder executivo e o poder judicial, no âmbito da separação de poderes, e o poder judicial está a fazer o seu papel no âmbito do combate à corrupção, e este processo enquadra-se precisamente neste sentido”, salientou a vice-presidente do MPLA.
Questionada sobre um alegado mal-estar no seio do partido por causa deste caso, a vice-presidente rejeitou essa ideia, reafirmando que o programa de combate à corrupção foi aprovado pelo próprio partido, porque se deu conta que havia males a combater.
“Aliás, o lema do nosso partido neste momento é melhorar o que está bem e corrigir o que está mal e a corrupção é um dos erros que nós queremos corrigir. Só um partido como o MPLA é que é capaz de fazer uma introspeção e dar-se conta que cometemos alguns erros, que devem ser combatidos. Portando, não deve existir este mal-estar porque este programa foi sufragado pelos próprios militantes do MPLA”, afirmou.
Além da corrupção, Luísa Damião Santos apontou ainda a impunidade e o nepotismo como outras más práticas que devem ser banidas de Angola.
A Procuradoria-Geral da República de Angola constituiu Isabel dos Santos arguida por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.
O procurador-geral Heldér Pitta Grós afirmou que o processo de inquérito aberto na sequência de uma denúncia do presidente do conselho de administração da petrolífera, Carlos Saturnino, já foi transformado em processo-crime.
O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ) revelou em 19 de janeiro mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de ‘Luanda Leaks’, que detalham esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano, utilizando paraísos fiscais.
De acordo com a investigação do ICIJ, do qual fazem parte o Expresso e a SIC, Isabel dos Santos terá montado um esquema de ocultação que lhe permitiu desviar mais de 100 milhões de dólares (90 milhões de euros) para uma empresa sediada no Dubai e que tinha como única acionista declarada Paula Oliveira.
A empresária, filha do ex-Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, disse que está a ser vítima de perseguição política e anunciou que vai processar o consórcio de jornalistas.
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