Em declarações ao Diário de Notícias, o primeiro-ministro Luís Montenegro recusou qualquer associação entre imigração e violência.
"Nunca fiz uma associação entre imigração e insegurança. E acho que ela não existe", disse, quando questionado sobre a relação entre criminalidade e sociedades cada vez mais multiculturais.
Montenegro assumiu que não tem na sua posse dados finais sobre o índice provisório de criminalidade deste ano, mas sustentou que "há alguns de indícios de que a criminalidade grave e violenta tenha tido algum agravamento". A tendência, porém, é de decréscimo.
Questionado sobre a recente operação no Martim Moniz, assumiu que "não gostou de ver" pessoas encostadas à parede, mas deixou a salvaguarda: "não vi ali nenhum desrespeito pela dignidade das pessoas. Não tendo falado com ninguém, repito, aquilo que me pareceu foi que estávamos na presença de uma medida de operacionalidade que não tinha alternativa".
O primeiro-ministro acrescentou ainda que "não há nenhum intuito, tenho a certeza absoluta, nas forças policiais e no governo, de perseguição e de estigmatização de nenhuma comunidade."
Para Luís Montenegro, "queremos, de facto, ser conhecidos como país que acolhe bem, que integra bem e que valoriza a dignidade das pessoas que vêm trabalhar para Portugal. Portanto, não havendo uma relação direta [entre imigração e violência], isso não quer dizer que não estejamos atentos a fenómenos que acontecem também com cidadãos ou com redes internacionais que atuam em Portugal", concluiu.
A entrevista na íntegra está disponível aqui.
Uma operação policial no dia 19 de dezembro, no Martim Moniz, resultou na detenção de duas pessoas e na apreensão de quase 4.000 euros em dinheiro, bastões, documentos, uma arma branca, um telemóvel e uma centena de artigos contrafeitos.
O enorme aparato policial na zona, onde moram e trabalham muitos imigrantes, levou à circulação de imagens nas redes sociais em que se vislumbram, na Rua do Benformoso, dezenas de pessoas encostadas à parede, de mãos no ar, para serem revistadas pela polícia, e comentários sobre a necessidade daquele procedimento.
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