É candidato à liderança do Partido Social Democrata e vai a votos já no próximo dia 28 de maio. Há dois anos defrontou Rui Rio e perdeu, agora terá como oponente Jorge Moreira da Silva. Diz que o PSD cometeu um erro estratégico - "as intenções podem ter sido as melhores", mas o resultado foi péssimo - e promete reerguer o partido e o país também.

Se for eleito presidente do PSD quer ter um gabinete na Assembleia da República para coordenar o trabalho político com os deputados do seu grupo parlamentar, sobretudo porque não conhece alguns deles. Mas, mais importante, como oposição promete obrigar o atual governo a cumprir as promessas eleitorais e a fazer mais do que "limitar-se a gerir aspetos de comunicação".

Sobre o seu passado no partido, admite que "as coisas são o que são, e equívocos ou até intrigas fazem parte da vida partidária, nenhum de nós vai mudar isso". De resto, considera que, ao contrário do que se faz crer, não é o candidato "mais do aparelho", já que só teve três lugares de gestão política: presidente de uma concelhia aos 24 anos, vice-presidente de uma comissão política distrital (Aveiro), e presidente do grupo parlamentar ao longo de seis anos.

Elege a demografia como o principal desafio que o país terá de enfrentar: "Temos em Portugal um problema acima de todas as coisas - da produtividade, da competitividade, da burocracia, da justiça ou dos impostos -, que é o problema demográfico. Sabemos que seremos menos 20% a 25% no espaço de 50 a 70 anos".

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Por isso, defende a necessidade de políticas públicas que possam "remover obstáculos" à natalidade, mas também um programa de recrutamento e acolhimento de imigrantes que cubra as lacunas de mão-de-obra que já hoje são sentidas e que garanta a sustentabilidade financeira da Segurança Social.

E propõe uma taxa máxima de IRS de 15% para jovens até aos 35 anos, para lhes retirar "carga fiscal exagerada" e dar mais meios para poderem acudir às suas necessidades, como o arrendamento ou a compra de casa.

Afirma que não é socialista "porque o socialismo tem por forma de exercício de poder uma intromissão excessiva naquilo que é a vida das pessoas, das empresas e das instituições", mas também não é ultraliberal, porque se "a liberdade individual e coletiva é um valor intrínseco de uma democracia moderna, o Estado tem de ter um poder regulatório". E isto, diz, mais o espírito de solidariedade, é o PSD.

Quanto a linhas vermelhas, a única que estabelecerá enquanto líder do PSD é não transigir em nenhuma circunstância no respeito pelos direitos humanos e nos valores democráticos que o partido sempre defendeu.

De resto, considera "uma imoralidade democrática" que, por razões de interesse, se tenha inviabilizado uma tradição da política portuguesa, que é a eleição de vice-presidentes da Assembleia da República das quatro forças políticas mais votadas. E assegura que consigo seria diferente e lembra que os deputados do PSD nunca inviabilizaram a eleição de vice-presidentes do PCP e do Bloco de Esquerda - "e estas últimas semanas têm mostrado o radicalismo e extremismo do Partido Comunista, que andou colado com o PS".

Luís Montenegro e a conversa a caminho do aeroporto de Lisboa, que quase o fez perder o avião para os Açores: "Estão aqui a dizer-me que ainda vou ter de ir a nado". Afinal não foi preciso, mas percebe-se melhor por que motivo afirmou, na sequência de perguntas à queima-roupa, que, se fosse um animal, queria ser um golfinho.