"Começámos a vestir os coletes, a descalçar os sapatos, houve ali uns momentos de pânico", mas "a operação de socorro foi muito organizada", tendo as autoridades levado "no máximo uns 20 minutos" entre o encalhar do barco e a saída em segurança dos 61 passageiros.
Luís, 32 anos, seguia no primeiro barco da manhã de sábado da Atlânticoline e deslocava-se para a Gruta das Torres, no Pico, onde é guia turístico e acompanha os visitantes no explorar do tubo lávico.
"Moro no Faial desde o ano passado. Nasci lá, vim morar para o Pico em 2010, mas agora comprei casa lá com a minha namorada. Tenho de atravessar todos os dias de barco para vir trabalhar", conta o açoriano, antes de confidenciar que voltar a trabalhar no Faial é objetivo para os próximos tempos.
Recordando de novo o acidente com o "Mestre Simão", Luís Freitas recorda-se de uma mãe e uma recém-nascida - que teria dois meses -, as primeiras a serem resgatadas. De resto, lembra palavras de um senhor mais velho que ao seu lado se encontrava sentado.
"O senhor disse-me que tínhamos encalhado, mas dali o barco já não saía nem revirava", conta, antes de enaltecer a experiência como um posto e garantia de sabedoria.
A agência Lusa levou Luís Freitas o mais perto possível do barco, antes das baias de segurança. No local, há ocasionais mirones e pontualmente é possível ver equipas de segurança marítima junto ao "Mestre Simão".
Continua nesta fase a decorrer um inquérito para apurar as causas do acidente na Madalena do Pico com o navio "Mestre Simão", de 40 metros de comprimento, que transportava, na altura, 61 passageiros e nove tripulantes.
O mestre que operava a embarcação nesse dia já foi ouvido pelas autoridades, mas a administração da Atlânticoline decidiu não o colocar ainda a trabalhar.
O navio deverá ter ainda cerca de 30 toneladas de combustível a bordo, admitiu já o presidente da Atlânticoline, Carlos Faias, que sublinhou que parte do combustível que se encontrava nos tanques do navio derramou, entretanto, para o interior do porto da Madalena do Pico, situação que obrigou à colocação de barreiras de retenção da poluição e a trabalhos de limpeza.
Nesta fase aguarda-se também o avançar de um plano de trasfega do combustível que ainda está no barco.
Autarca da Madalena quer remoção do barco, "até por razões psicológicas"
O presidente da Câmara da Madalena, na ilha do Pico, defende que, “até por razões psicológicas", é importante para as pessoas que o barco da Atlânticoline que encalhou no primeiro sábado do ano seja removido "o mais rápido possível".
"Até por questões psicológicas convém que efetivamente o barco seja removido, declarou José António Soares (PSD), autarca açoriano do concelho da Madalena, na ilha do Pico, falando à agência Lusa quando fazem duas semanas do encalhar do "Mestre Simão".
Nesta fase, assinala o presidente da autarquia de Madalena, "importa que seja feita a remoção" do barco ou surja "qualquer outra solução" para que o "Mestre Simão" possa sair da água "e facilitar tudo o resto".
José António Soares destaca como a parte "menos má" de todo o acidente o modo como a operação de salvamento "de todos os tripulantes e passageiros" decorreu, sem feridos a registar.
O autarca teme, todavia, o prolongar da "grande perturbação" que vive agora o Pico e também a ilha do Faial pela ausência de transporte marítimo que leve viaturas automóveis".
"Convém efetivamente saber o que é que efetivamente a Atlânticoline e o Governo Regional têm previsto para resolver essa situação", disse.
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