“Estamos todos determinados a construir uma paz duradoura. E como muitos de vós referiram, essa paz não pode ser uma capitulação ucraniana”, afirmou Macron, sublinhando que “há um agressor e uma vítima”.
“Esta guerra é um problema mundial”, declarou, em uníssono com muitos outros líderes.
Dirigindo-se aos presentes, o Presidente francês disse: “Ninguém nesta sala está em guerra com a Rússia, mas todos desejamos uma paz duradoura, ou seja, uma paz que respeite as leis internacionais e que devolva à Ucrânia a sua soberania”.
Para tal, sustentou que uma das prioridades da cimeira é “garantir a segurança da situação em torno da central nuclear de Zaporijia” e rejeitar “qualquer complacência em relação a ataques contra alvos e infraestruturas na Ucrânia”, acrescentando que se trata de “crimes de guerra”.
“Penso que é extremamente importante aumentar a pressão neste contexto para obter um cessar-fogo do lado russo”, afirmou.
“Em paralelo, deveríamos trabalhar em conjunto num seguimento, de forma a alargar o círculo de países que se juntam aos nossos esforços”, sugeriu.
Tal permitirá, explicou Macron, “impedir uma grande divisão do mundo e evitar ser tentado por outras iniciativas”, vincando que não se trata de “uma competição” entre as várias propostas que visam alcançar a paz na Ucrânia.
Trata-se claramente de “construir o que deverá ser um conjunto de exigências essenciais da comunidade internacional que possamos colocar em cima da mesa em relação à Rússia”, acrescentou.
A Suíça acolhe entre hoje e domingo a Cimeira para a Paz na Ucrânia, que junta representantes de quase uma centena de países e organizações, mas sem a participação da Rússia nem da China, entre outros ausentes de peso.
Portugal está representado pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e também pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
O objetivo da conferência, organizada pela Suíça na sequência de um pedido nesse sentido do Presidente ucraniano, é “inspirar um futuro processo de paz”, tendo por base “os debates que tiveram lugar nos últimos meses, nomeadamente o plano de paz ucraniano e outras propostas de paz assentes na Carta das Nações Unidas e nos princípios fundamentais do direito internacional”.
No domingo, três temas serão abordados nos grupos de trabalho da cimeira: segurança nuclear, liberdade de navegação e segurança alimentar, e aspetos humanitários, nomeadamente o destino das crianças ucranianas deportadas para a Rússia.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após a desagregação da antiga União Soviética – e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
Já no terceiro ano de guerra, as Forças Armadas ucranianas têm-se confrontado com falta de soldados e de armamento e munições, apesar das reiteradas promessas de ajuda dos aliados ocidentais, que começaram entretanto a concretizar-se.
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