O chefe de Estado “tomou a decisão de permitir ao departamento de arquivos proceder à desclassificação dos documentos secretos da Defesa Nacional (…) até aos anos 1970, inclusivamente”, indicou a presidência em comunicado.
“Esta decisão vai reduzir significativamente os tempos de espera associados ao procedimento de desclassificação, nomeadamente aos que dizem respeito aos documentos relativos à guerra da Argélia”, acrescenta o texto.
O anúncio surge uma semana depois de Macron ter reconhecido, “em nome da França”, que o advogado e dirigente argelino Ali Boumendjel foi “torturado e assassinado” pelo Exército francês, em 1957, durante a guerra da Argélia.
A atitude de “apaziguamento” foi recomendada pelo relatório apresentado no 20 de janeiro ao chefe de Estado e elaborado pelo historiador Benjamin Stora no quadro da “reconciliação das memórias” para que se possa “encarar a História de frente”.
A decisão sobre os arquivos “demonstra que estamos a ser rápidos”, sublinhou o Palácio do Eliseu.
De acordo com o gabinete do chefe de Estado, a autorização ultrapassa o “quadro da História” porque, afirma a nota, Macron “entendeu os pedidos dos universitários” que se queixavam de dificuldades no acesso aos arquivos classificados com mais de 50 anos por causa da aplicação escrupulosa de uma circular sobre a proteção de segredos relacionados com a defesa nacional.
“O Governo comprometeu-se a iniciar um processo legislativo para estabelecer coerência entre o código do património e o código penal” sem comprometer a segurança e a defesa nacional, precisa o Eliseu.
O procedimento legal deve estar concluído “depois do verão”.
As autoridades argelinas reclamam há várias décadas a abertura dos arquivos coloniais e a “resolução da questão dos desaparecidos” da guerra de independência que segundo Argel se relaciona com a morte de mais de 2.200 pessoas.
A Argélia, país independente desde 05 de julho de 1962, pretende igualmente apurar as informações sobre ensaios nucleares franceses no Saara argelino.
“Os gestos simbólicos só têm impacto se forem apoiados pela mobilização cidadã em cada uma das questões: arquivos, testes nucleares, desaparecidos”, sublinhou o autor do relatório, Benjamin Stora, numa entrevista publicada no jornal El Watan no princípio do mês de março.
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