Em declarações à imprensa, após uma visita ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), o ministro da Administração Interna avisou que "vamos entrar numa terceira vaga de calor a partir de dia 20, que se vai prolongar por setembro".
"Vamos ter em setembro um tempo, em regra, mais quente do que nos setembros anteriores. Entre 50% a 60% mais quente e entre 40% a 50% mais seco", disse José Luís Carneiro, reiterando que "isto diz tudo dos riscos acrescidos que vamos ter de enfrentar" até ao final do verão.
Estas condições meteorológicas "exigem de nós um esforço acrescido", pelo que o ministro apelou à "todo o esforço da comunidade nacional, em cooperação, que é indispensável".
Não se pode, todavia, considerar que esta nova onda de calor mais grave do que as anteriores. "A onda de calor mais critica terá sido a de julho", disse José Luís Carneiro.
"O pior pico desta onda deve corresponder aos momentos mais críticos da segunda onda de calor" deste ano, acrescentou.
"O perigo de incêndio rural em Portugal está ainda a meio da campanha, passámos uma onda de calor de grande intensidade e que chegou a temperaturas que quase rondaram os cinquenta graus, passamos uma segunda onda com menos intensidade, mas mesmo assim com grande impacto e vamos passar uma terceira onda de calor provavelmente dentro de dias", reiterou o presidente do IPMA, Jorge Miguel Miranda.
Jorge Miguel Miranda acrescentou que "as previsões não são muito positivas" em termos de precipitação e que provavelmente setembro será "um pouco mais seco e um pouco mais quente, como têm sido os meses anteriores".
"O problema do perigo de incêndio rural está ainda a meio da campanha", alertou, referindo mais à frente que a terceira onda de calor deverá fazer sentir-se a partir do dia 20.
"Estamos a chegar a meio de agosto. Passámos julho e metade de agosto, mas falta metade de agosto, falta setembro e não sabemos quantos dias de outubro. As previsões não são muito positivas do ponto de vista da precipitação", disse o responsável, acrescentando: "A situação na Europa ainda será talvez pior do que a media em Portugal, mas temos um sistema natural que está tremendamente fragilizado e temos ainda um mês e meio, pelo menos, pela frente para sermos capazes de ultrapassar".
Jorge Miguel Miranda transmitiu ainda aos cidadãos a mensagem de que "o esforço feito até agora foi importante", não resolveu todos os problemas porque "não é possível resolver todos os problemas", mas "o esforço tem de continuar, cada vez de forma mais rigorosa".
Disse ainda que, depois do que tem acontecido na Europa do Norte, em França, Espanha e em Portugal, é possível perceber que “a mudança climática é o fator determinante” e que aparece sob duas formas “que se pioram uma a outra”: seca prolongada - "estamos numa situação de seca histórica" - e fenómenos de onda de calor e de "onda de vento".
"Isto leva a que as situações sejam tremendamente difíceis de controlar", afirmou.
No que se refere ao combate ao incêndio na serra da Estrela, Jorge Miguel Miranda explicou que "existem fogos que são praticamente não combatíveis. (...) A Serra da Estrela é a zona mais montanhosa que temos (...), mas existem mais zonas do país com as mesmas características. Toda a zona do centro norte tem estado com índices de perigo de incêndio muito elevados desde o princípio da estação. (...) Cada incêndio é um incêndio. A ciência tenta sempre desenvolver meios para saber como vai prolongar-se e como pode ser combatido, (...) mas tenhamos todos sentido das proporções".
O responsável acrescentou ainda que o país "é frágil perante o desenvolvimento de um incêndio rural, em particular de grandes dimensões e todos os meios são finitos e as pessoas finitas na sua capacidade de atuação": "Ou nós temos uma capacidade de solidariedade entre organizações, pessoas e entre aldeias e vilas que permita que sejamos capazes de passar o período que se avizinha ou vamos ter situações que poderão ser de maior complexidade do que as que tivemos até agora”.
“Estamos a viver um momento muito complicado da história climática da terra", insistiu.
O calor vai apertar a partir de quinta-feira
Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), as temperaturas vão aumentar significativamente a partir de quinta-feira, sendo que em algumas zonas do país as máximas terão oscilações drásticas.
Em Lisboa e Setúbal, as temperaturas passam dos 25 e 28 graus esta quarta-feira para 37 e 38 graus na sexta-feira, respetivamente.
Em Beja e Évora, as temperaturas aumentam progressivamente a partir de quinta-feira, com os termómetros a oscilar entre os 37 e os 39 graus no sábado e domingo. As temperaturas vão manter-se elevadas no arranque da próxima semana.
Em Braga e em Bragança, as máximas vão rondar os 33/34 graus no fim de semana e aumentam para 35/37 graus no início da próxima semana.
Castelo Branco, os termómetros vão chegar aos 38 graus no fim de semana, uma situação que se vai prolongar pelo menos até terça-feira, 23 de agosto.
Coimbra passa para máximas a oscilar entre os 31 e os 35 graus até terça da próxima semana.
Em Portalegre, conte com 36 graus no fim de semana e 37/38 graus daqui a sete dias.
Em Faro, Guarda, Viseu e Leiria, com oscilações menos drásticas ao longo dos próximos dias, as máximas vão variar neste período entre os 30 e os 34 graus.
Em Viana do Castelo as máximas vão manter-se sempre abaixo dos 30 graus Celsius. O mesmo acontece no Funchal e em Ponta Delgada.
(Notícia atualizada às 11h30 com as declarações do presidente do IPMA, Jorge Miguel Miranda)
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