“De acordo com informação confirmada pelo gabinete dos Direitos Humanos da ONU e da Missão de Assistência da ONU no Iraque, pelo menos 307 pessoas foram mortas… entre 17 de fevereiro e 22 de março”, indicou o gabinete das Nações Unidas em comunicado.
A mesma fonte acrescentou ter recebido relatórios de que outros 95 civis terão sido mortos entre 23 e 26 de março, em quatro bairros na parte ocidental de Mossul.
As vítimas resultaram de ataques do Estado Islâmico e de bombardeamentos aéreos, precisou o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad Al Hussein. Outras 273 pessoas ficaram feridas.
O incidente mais mortífero ocorreu precisamente num ataque aéreo, que alegadamente tinha como alvo atiradores do Estado Islâmico e equipamento. As bombas atingiram uma casa no bairro de Al Jadida, oeste de Mossul, adiantou o Alto Comissariado.
Segundo testemunhos recolhidos pela ONU, os jihadistas do Estado Islâmico estão a obrigar os civis a permanecer em suas casas, “em muitos casos fechando-as lá dentro”, enquanto tomam posições, com armamento, nos telhados.
Ao detetarem estes combatentes, as forças da coligação bombardeiam os edifícios, matando estas milícias, mas também os civis no interior das casas.
O Alto Comissário condenou hoje, em comunicado, esta prática do Estado Islâmico, mas também advertiu a coligação internacional liderada pelos Estados Unidos de que deve ter muito cuidado ao planear os seus ataques.
“A estratégia do EI de usar crianças, mulheres e homens para se proteger dos ataques é cobarde e vergonhosa. Vai contra os mais básicos padrões da dignidade humana e da moralidade. À luz da lei internacional estes atos podem constituir crime de guerra”, afirmou Zeid.
Ao mesmo tempo, realçou que a condução de “operações militares em áreas densamente povoadas continua a pôr em grave risco os civis que permanecem nestas áreas”.
A Organização Internacional das Migrações informou hoje que mais de 286 mil pessoas foram deslocadas das suas casas devido às operações para libertar Mossul do EI, que começaram a 17 de outubro último.
Desde 25 de fevereiro, quando a população começou a fugir devido à ofensiva lançada pelas forças iraquianas sobre a parte ocidental da cidade, a OIM registou 27.634 famílias (165.744 pessoas) deslocadas.
Cerca de 600 mil pessoas permanecem nas áreas da parte Ocidental de Mossul, sob controlo do EI, incluindo 400 mil que estão encurraladas na cidade velha, em condições semelhantes a um cerco.
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