“Pedimos informação aos produtores todos e, dos cerca de 30 que responderam, temos uma área ardida de 45 hectares”, disse Arlindo Cunha, acrescentando que o concelho que teve mais hectares de vinha destruídos foi o de Penalva do Castelo, no distrito de Viseu.
Arlindo Cunha realçou que, além do prejuízo das vinhas que arderam, há também “a perda do rendimento deste ano, porque na maior parte das vinhas o incêndio ocorreu antes das vindimas”.
“Foi um azar em cima de outro azar. Perderam a colheita deste ano. Cada hectare produz, em média, oito toneladas e cada quilo de uvas, em média, custará 45 cêntimos”, explicou.
Segundo o também vitivinicultor, estas vinhas eram “um património que estava a produzir todos os anos”.
“Perdeu-se este património e, mesmo que as vinhas sejam reestruturadas rapidamente, nos próximos três anos não haverá nenhuma colheita”, lamentou.
Neste âmbito, a CVR do Dão propôs ao Ministério da Agricultura, através do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), que seja aberto “de imediato um concurso específico para estas vinhas”.
“Tem de ser um regime especial que tem de ter em conta várias especificidades”, defendeu o antigo ministro da Agricultura, lembrando que o VITIS [regime de apoio à reestruturação e reconversão de vinha] que tem como objetivo reestruturar e reconverter parcelas de vinha, “só pode apoiar vinhas que tenham mais de 15 anos”.
Estas vinhas que foram consumidas pelas chamas em setembro precisam de ser reestruturadas devido a “um motivo de força maior”, sendo que, muitas delas, tinham menos de 15 anos, acrescentou.
“Os apoios no âmbito do VITIS têm de ser dados independentemente da idade da vinha”, afirmou Arlindo Cunha, realçando que, “obviamente, as vinhas ardidas têm que ter preferência absoluta” nos critérios de seleção.
A CVR do Dão alertou o IVV que “algumas das vinhas não arderam agora, mas estavam cercadas por florestas que arderam e, portanto, apanharam temperaturas elevadíssimas, o que pode levar a que comecem a morrer lentamente”.
“Isto pode implicar a necessidade de também aplicarmos aí o VITIS”, considerou o responsável.
No entender da CVR, deve também ser reforçado o chamado apoio à não produção: “que seja de seis mil euros por cada hectare, em cada ano, durante três anos”.
Arlindo Cunha disse que, uma vez que os seguros não cobrem situações de incêndio florestal, a CVR também sugeriu ao Governo “que haja uma compensação pelo rendimento perdido na campanha deste ano”.
“As vinhas arderam antes da colheita. Propusemos, de acordo com a produtividade das vinhas, algo entre 4.500 e 6.000 euros por hectare”, um subsídio que seria “independente de tudo o resto”, adiantou.
Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas em consequência dos incêndios que, em setembro passado, atingiram sobretudo as regiões Norte e Centro de Portugal.
Os incêndios florestais consumiram, entre os dias 15 e 20 de setembro, cerca de 135.000 hectares, totalizando este ano a área ardida em Portugal quase 147.000 hectares, a terceira maior da década, segundo o sistema europeu Copernicus.
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