“Correu muito bem, foi uma solta memorável”, disse à agência Lusa Pedro Rocha, diretor do departamento no Alentejo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Os animais, explicou o ICNF, em comunicado, são duas fêmeas, com cerca de 11 meses de idade, e foram libertadas na Herdade da Bombeira, no concelho de Mértola.
O responsável do ICNF no Alentejo e do Parque Natural do Vale do Guadiana (PNVG) indicou à Lusa que uma das fêmeas se chama Paprika e é oriunda do Centro Nacional de Reprodução em Cativeiro em Silves (CNRLI), no distrito de Faro, enquanto a outra se chama Puntilla, sendo proveniente do Centro La Granadilla, em Espanha.
“Foi a primeira vez que libertámos linces nesta herdade, mas era uma das que estava na lista de reintrodução. É uma herdade que tem tudo o que nos interessa, ou seja, a tranquilidade necessária, é mesmo à beira do Rio Guadiana, e o refúgio e o alimento, os coelhos, de que os animais precisam”, destacou Pedro Rocha.
Segundo o Ministério do Ambiente e da Transição Energética, com a ação realizada hoje, subiu para 37 o total de linces libertados, desde 2014, na área do Vale do Guadiana, classificado como Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000.
“Este reforço populacional do lince-ibérico tem como objetivo restabelecer uma população selvagem autónoma, garantindo também uma diversidade genética adequada”, explicou o Ministério do Ambiente, realçando que este animal “é um dos felinos selvagens mais ameaçados do mundo” e que “tem tido uma atenção particular de toda a comunidade internacional”.
A libertação das duas fêmeas de lince, presenciada pela secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos, foi antecedida pela inauguração da exposição “Partilhando territórios: o regresso do Lince”, na sede do Parque Natural do Vale do Guadiana, em Mértola.
A mostra, apresentada pelo ICNF, insere-se no projeto “Recuperação da Distribuição Histórica do Lince-Ibérico“ (Lynx pardinus) em Espanha e Portugal e tem o apoio da Comissão Europeia, através do programa LIFE.
A iniciativa, de acordo com o ICNF, pretende “retratar a coexistência entre o lince-ibérico e os humanos, no passado e no presente, apresentando aspetos da história da espécie, da preparação da reintrodução, bem como da atual distribuição dos animais fundadores e os encontros dos que vivem, trabalham ou visitam o concelho de Mértola” com estes exemplares.
“A exposição quer mostrar que há um território associado ao lince, onde se desenvolvem atividades, onde há vinho, gado, caça e onde o lince convive com as pessoas. E queremos também mostrar as gentes, com memórias antigas do lince, faladas e vividas, através de uma aplicação multimédia, e a identidade” que se está a construir “nos territórios onde ele voltou a habitar”, referiu Pedro Rocha.
A outra vertente da mostra, que vai ficar como exposição permanente na sede do parque natural, incorporando imagens, utensílios e até uma estátua, é “dar a conhecer o trabalho que está por trás da reintrodução do lince, o seguimento, a seleção das áreas, o trabalho nos centros de reprodução”, acrescentou.
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