“Temos de ‘deseucaliptar’ Portugal. Precisamos de tirar 700 mil hectares de área de eucaliptal no país esta década”, lia-se em panfletos que os participantes na concentração, muitos dos quais dirigentes de associações ambientalistas, iam distribuindo a quem entrava no Palácio de Cristal para visitar a Feira do Livro do Porto, que arrancou a 25 de agosto e termina a 10 de setembro.
Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Agir pelo Planeta assumiu ter aproveitado o facto de estar a decorrer a Feira do Livro para fazer chegar a sua mensagem a mais pessoas, nomeadamente que “já chega de eucaliptos e de pensar numa única indústria, ou seja, no papel”.
“O país não pode estar entregue à celulose, além disso, o eucalipto não é assim tão bom negócio quanto isso”, disse Manuel Reis.
Por isso, o dirigente considerou que é “urgente” haver uma política de reflorestação de autóctones no norte, centro e sul do país e colocar mais pessoas a trabalhar na área ambiental.
Junto a um cartaz onde se lia “Eucaliptugal só pode acabar mal”, a presidente da Associação Movimento Gaio questionou como é que possível que Portugal tenha, neste momento, tão grande área do território coberta de eucaliptos.
Teresa Markowsky defendeu que as entidades deviam evitar que tal acontecesse, sobretudo num país com as características de Portugal. “Como é possível que Pedrógão não tenha sido um exemplo com tanta gente que morreu e como é possível que todos os anos haja tantos incêndios?”, questionou ainda.
Na sua opinião, é preciso haver uma maior educação ambiental e uma tomada de posição por parte da população.
Mais do que contra o eucaliptal, Pedro Sousa, gestor de projetos na Quercus, mostrou-se contra o tipo de floresta existente.
“Temos uma floresta de produção intensiva e com grandes prejuízos para o solo e para a biodiversidade”, ressalvou.
E acrescentou: “O que precisamos é de uma floresta para o futuro, uma floresta com várias espécies misturadas e com espécies nativas, espécies que já estão adaptadas às nossas condições climáticas há milhares e milhares de anos, portanto, não precisamos de espécies exóticas que nos trazem outros problemas”.
Também Serafim Riem, da Íris – Associação Nacional de Ambiente, entendeu que as florestas não são florestas, mas monoculturas que levam aos incêndios, à seca e à desertificação.
“Só é bom negócio para as próprias celuloses. Ninguém na Europa tem eucalipto, só nós é que temos estas plantações, somos o eucaliptal da Europa para produzir pasta de papel”, concluiu.
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