A reunião, que juntou o Sindicato Independente dos Médicos (SIM), a Federação Nacional de Médicos (FNAM), a secretária de Estado da Administração e do Emprego Público, Maria de Fátima Fonseca, o secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, e a presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), Marta Temido, decorreu durante a manhã de hoje, à porta fechada, e tinha como objetivo o Governo apresentar uma contraproposta negocial relativa às matérias em discussão.

Em declarações à agência Lusa, o presidente do SIM foi perentório ao afirmar que os médicos saíram desta reunião “com uma mão cheia de nada”.

“E, por isso, manifestar o desapontamento do Sindicato Independente dos Médicos pela circunstância de o Ministério da Saúde, mesmo depois da greve em maio, [depois] das expectativas que foram criadas na última reunião, não ter apresentado uma contraproposta escrita”, disse Jorge Roque da Cunha.

Para o dirigente sindical, a situação atual é de “impasse negocial”, mas garantiu que, para os médicos, o recurso à greve como forma de luta “é a última das últimas armas” para fazerem valer as suas reivindicações, passando as responsabilidades para o lado do Governo.

“O Ministério da Saúde, com este tipo de atitudes, está a empurrar-nos para que, no princípio de outubro, depois das eleições autárquicas, os médicos possam encetar uma nova greve”, apontou.

Garantiu que o SIM é um sindicato que prefere o diálogo, mas tendo em conta que não houve avanços em matérias como a diminuição das 18 para as 12 horas de serviço nas urgências, e com isso permitir a diminuição das listas de espera, ou a reposição do pagamento das horas incómodas, até final de setembro os médicos tomarão a decisão de avançar ou não para a greve.

Nesse sentido, frisou que estão decididos a aguardar até essa data, mas sempre com a expectativa de que as próximas reuniões, a primeira das quais já no dia 25 de agosto, “possam ter sucesso”.

“Se a atitude for exatamente igual àquela que foi hoje, infelizmente estamos bastante pessimistas em relação a esta matéria”, sublinhou.

Por outro lado, Jorge Roque Cunha revelou que exigiram ao Ministério da Saúde que fizesse uma auditoria aos serviços de urgência por entenderem que “dada a desorganização e o contínuo recurso às empresas de prestação de serviço, a saúde pública poderá estar em causa”.

“O Ministério da Saúde, em relação a esta matéria, concordou connosco em termos genéricos”, adiantou o responsável, acrescentando que a tutela se comprometeu a fazer essa auditoria em todos os serviços de urgência do país.