"O que vai acontecer é o seguinte: haverá um momento simbólico na Câmara Municipal de Lisboa de evocação da República, não haverá discursos, mas haverá esse momento simbólico", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Falando aos jornalistas no final da cerimónia de entrega do Prémio António Champalimaud de Visão, em Lisboa, o chefe de Estado assinalou que "a alternativa era fazer o que fez o Presidente Mário Soares, que não teve mesmo sequer um momento simbólico, quando houve uma circunstância correspondente".
Já o antigo chefe de Estado Jorge Sampaio, "numa situação idêntica, fez uma cerimónia presidencial na Ajuda", notou.
"Eu entendo que a Câmara Municipal de Lisboa é muito importante simbolicamente em termos de proclamação da República, portanto o começo da manhã será na Câmara Municipal de Lisboa, mas sem discursos, como é próprio do dia de reflexão", adiantou, acrescentando que fará uma "intervenção à noite a apelar ao voto".
Em reposta a uma pergunta da agência Lusa, antes das declarações do Presidente aos jornalistas, o Palácio de Belém esclareceu que o chefe de Estado comemora em Portugal o 5 de Outubro "com a discrição" própria de um dia de reflexão eleitoral, e vota no dia seguinte em Celorico de Basto, distrito de Braga, independentemente da presença na cerimónia de investidura de Tolentino Mendonça como cardeal.
"Mesmo no caso de se confirmar a ida a Roma, o Presidente da República comemorará sempre em território nacional o 5 de Outubro, com a discrição correspondente a um dia de reflexão eleitoral, e votará no dia 06, como habitualmente, em Celorico de Basto", referiu a Presidência.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "esclarece que submeteu preventivamente à Assembleia da República o assentimento para uma eventual deslocação a Roma, entre os dias 04 e 06 de outubro, para assistir à cerimónia de investidura do novo cardeal D. Tolentino de Mendonça".
"Recorde-se que, em circunstâncias análogas, a saber, coincidência do 5 de Outubro com período eleitoral, também no passado foram reduzidas ou mesmo anuladas as comemorações de implantação da República", lê-se no mesmo esclarecimento escrito enviado à Lusa.
Aos jornalistas, o Presidente disse de viva voz que a sua intenção é ir a Roma e voltar, para poder ir "votar no dia seguinte a Celorico de Basto" para as eleições legislativas.
A intenção de estar presente na cerimónia de imposição do barrete cardinalício a Tolentino de Mendonça foi expressa pelo Presidente da República no domingo na nota em que manifestou "profundo júbilo" pela elevação do arquivista e bibliotecário do Vaticano ao cardinalato.
"O Presidente da República manifesta o mais profundo jubilo pela elevação do senhor Dom José Tolentino de Mendonça ao cardinalato, traduzindo o reconhecimento de uma personalidade ímpar, assim como da presença da Igreja Católica na nossa sociedade, o que muito prestigia Portugal", afirmou numa nota publicada na página da internet da Presidência da República.
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou ainda, na ocasião, a "excecional relevância" de Tolentino de Mendonça como "filósofo, pensador, escritor, professor e humanista", recordando que o convidou para presidir às comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, em 2020.
Comentários