Em direto na SIC Notícias, durante a inauguração das novas instalações do grupo Impresa, em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, distrito de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa relativizou assim a declaração que fez no dia 26 de janeiro, na Jornada Mundial da Juventude no Panamá, a propósito do anúncio de que em 2022 este encontro católico se realizará em Portugal.
Questionado sobre o que o levou a assumir nessa ocasião a vontade de se recandidatar ao cargo, respondeu: "Isso é uma coisa muito curiosa. Eu tinha dito a mesma coisa já em várias ocasiões".
"Quando foi da Web Summit, disse: agora, com a Web Summit dez anos em Lisboa, eu confesso que isto é muito motivador, é mais motivador", recordou.
O chefe de Estado referiu, em seguida, que "quando se falou da presidência da União Europeia, que vai ser no primeiro semestre de 2021, portanto, vai bem para além da eleição que é janeiro em 2021", também disse que esse acontecimento era "muito motivador, muito motivador".
"E repeti a ideia ali, porque é muito motivador ter um acontecimento desta dimensão, dois milhões de pessoas em Lisboa, em Portugal, durante o período de uma semana e mais o que, entretanto, antecede", acrescentou, numa alusão à Jornada Mundial da Juventude de 2022.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou, contudo, que no Panamá teve "o cuidado de dizer, por causa das coisas", que, para se recandidatar nas presidenciais de janeiro de 2021, "primeiro, é bom que esteja de saúde, isso é uma condição básica, e, segundo, que não ache que há alguém em melhores condições de exercer a função", porque nesse caso entende que não tem esse dever.
Instado a explicar o que entende por sentido de dever, o Presidente da República considerou que, “tal como António Guterres”, atual secretário-geral das Nações Unidas, tem uma posição que "não é muito fácil de compreender numa sociedade que se descristianizou muito, como é o caso da sociedade portuguesa”.
"Nós temos uma formação muito católica, social-cristã, se quiser. E, portanto, entendemos que cada coisa que fazemos, para bem ou para mal, tem a ver com a nossa fé. É um compromisso: onde é que eu sou mais útil num determinado momento?", expôs.
"É um dever que eu assumo muito e, portanto, é-me um bocadinho indiferente o problema das sondagens, da simpatia, não simpatia", prosseguiu.
Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para contestar a ideia de que procura a popularidade. "Não, procuro a ligação ao povo, é verdade, porque um Presidente sem ligação ao povo perde legitimidade de exercício", contrapôs.
Quanto ao seu mandato atual, defendeu que tem o dever de "dar tudo" nestes cinco anos para "fazer a ponte, pacificar a sociedade portuguesa".
Segundo o chefe de Estado, coube-lhe "primeiro, pacificar por causa das eleições, depois, pacificar por causa do sistema bancário e da política orçamental, depois, por causa das tragédias dos incêndios e do caso de Tancos".
"No fim do ano passado e agora, pacificar por causa dos conflitos sociais inorgânicos, que fogem aos quadros tradicionais que surgem, tentando estar lá, o que é muito desgastante", completou.
Antes, no início da sua visita às novas instalações do grupo Impresa, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou os seus tempos no jornal Expresso e, desafiado a escolher um título para os seus três anos de mandato, respondeu: "Mais complicado do que se tinha pensado".
"Eu já assumi para mim que, saindo de Presidente, nunca regresso à comunicação social", adiantou.
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