No final, pediu aos jovens que não se deixem acomodar, sentindo-se como alguém que entrou na sala “com 76 anos” e sai “com menos 25”.
“Cada vez que tenho oportunidade de dar uma aula, ganho em idade e forma física. Não sei se é uma boa ideia para quem acha que eu devia estar mais caquético ou velho”, acrescentou.
“Em qualquer caso, tem hoje uma resposta que necessariamente não lhe agrada: junto de jovens sinto-me ainda mais jovem”, concluiu, após uma semana em que tem sido alvo de críticas e comentários, após diversas declarações feitas num jantar com jornalistas estrangeiros, em Lisboa.
Hoje, Marcelo recusou-se a comentar temas da atualidade política portuguesa, por estar no estrangeiro, onde tem insistido na fraternidade das relações com as ex-colónias.
Na aula magna de hoje, o chefe de Estado anteviu a celebração de 50 anos de independências de países lusófonos, em 2025, como uma oportunidade para manter viva a celebração conjunta do 25 de Abril, deste ano.
“Para o ano há uma grande ocasião: vão ser celebradas as independências”, pelo que as celebrações são uma “boa ideia”, disse, prometendo promover a ideia junto de outros chefes de Estado.
Marcelo respondia a um dos participantes, guineense, cujo pai foi preso pela PIDE, polícia política da ditadura colonial, que questionou se o 25 de Abril não podia passar a ser uma celebração conjunta com as ex-colónias, em vez de estes países serem convidados para um evento, na data, em Portugal.
O Presidente português disse que a celebração dos 50 anos, em Portugal, foi nesse sentido e que cabe a cada sociedade promover o debate sobre um “passado, presente e futuro de todas estas sociedades”.
Com o homólogo cabo-verdiano, José Maria Neves, na primeira fila, Marcelo pediu às centenas de estudantes na plateia que sejam “exigentes, críticos e livres” para se construir uma democracia em tempos de crise — tema da aula magna -, reiterando que uma democracia imperfeita e inacabada é sempre preferível a uma ditadura, mas desta vez dizendo-o perante uma grande plateia, na Uni-CV.
“Tenho uma esperança ilimitada em vós, jovens cabo-verdianos”, disse, destacando a dinâmica cultural, porque, quando esta existe, a “dinâmica cívica irrompe naturalmente”, referiu.
A aula foi o último momento da visita de Marcelo Rebelo de Sousa a Cabo Verde, centrada nas comemorações dos 50 anos da libertação dos presos do Tarrafal.
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