“Agora podemos finalmente fazer o que o país, os seus professores, os seus trabalhadores e os seus jovens necessitam. Um Governo sério, que conclua a legislatura [em 2023] e que dê respostas concretas aos dramáticos desafios, como a pandemia” de covid-19, disse Matteo Renzi, num comunicado.
A coligação governamental italiana, liderada por Conte e apoiada pelo Movimento Cinco estrelas (M5E, antissistema), pelo Partido Democrata (PD) e pelo Livres e Iguais (LeU, esquerda), perdeu a maioria no Senado após Renzi lhe ter retirado o apoio.
A crise obrigou o primeiro-ministro italiano a apresentar a demissão ao Presidente de Itália, Sérgio Mattarella, que dará início, quarta-feira, a uma ronda de consultas com os partidos que têm representação parlamentar.
Conte, porém, aspira a obter uma terceira oportunidade para formar uma nova maioria governamental.
Renzi garantiu que irá comparecer às consultas “sem preconceitos”, mas sem avançar explicações, já que há quem veja nesta crise uma tentativa sua para fazer cair Conte.
“Para nós, a prioridade é ajudar os cidadãos a sair desta fase de bloqueio e de dificuldade não só económica”, assegurou Renzi, sem esclarecer também se apoiará o primeiro-ministro em funções ou se, pelo contrário, defenderá outra personalidade política para o cargo.
A 13 deste mês, Renzi concretizou as ameaças e anunciou a saída da IV da coligação, tendo anunciado também a demissão do Governo das duas ministras e do subsecretário de Estado pertencentes ao partido.
Cinco dias depois, Conte superou um voto de confiança na Câmara dos Deputados com uma maioria absoluta, mas permaneceu com uma maioria simples no Senado, apesar do apoio dos parlamentares do Grupo Misto, cenário em que a governação se tornou muito complicada.
Renzi defendeu sempre que os motivos que provocaram a rutura foram a baixa ambição do Plano de Recuperação, com o qual serão distribuídos os fundos europeus para o alívio da pandemia, entre outras razões, voltando hoje ao mesmo argumento.
“Pedimos um salto de qualidade na gestão da coisa pública. Isso significa apostar em projetos que aumentem os empregos […], que melhorem a gestão de vacinas […] e que tenham uma visão para 30 anos, não para 30 minutos”, referiu.
“[Renzi disse que exige] um Governo europeu, não só em palavras, mas também em ações, capaz de promover os projetos do gigantesco esforço do programa Next Generation da União Europeia (UE), com um documento sério, bem escrito e concreto”, acrescentou.
Nos últimos dias têm surgido, refere a agência noticiosa espanhola EFE, “sinais de abertura” do “renzismo” a um novo apoio ao Governo, com a condição de que sejam negociadas melhorias neste sentido.
Sexta-feira passada, os deputados e senadores do IV divulgaram um comunicado em que apelam a uma solução política para a crise.
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