“A ponte é um dos símbolos principais de Fronteira. Qualquer imagem de Fronteira que nós vejamos ou pesquisemos imediatamente vai surgir a ponte e nós, fronteirenses, temos pela ponte um valor sentimental enorme”, disse Rogério Silva, em declarações à agência Lusa.
A ponte granítica, de 10 arcos semicirculares, está sob a alçada da empresa Infraestruturas de Portugal (IP), tendo ficado totalmente submersa, na terça-feira, com a subida do caudal da ribeira devido às fortes chuvadas, o que provocou a destruição do tabuleiro e das guardas.
Esta ponte está inserida no Centro Ecoturístico da Ribeira Grande, fazendo a ligação, através da Estrada Nacional (EN) 245, entre as vilas de Alter do Chão e Fronteira.
“Aqui há uns anos tentou-se reabilitar a ponte e, entretanto a Direção-Geral do Património mandou parar a reabilitação, pré-classificou a ponte como de interesse nacional, por duas vezes, e isso para imediatamente os concursos públicos [para as obras] e não classificaram nada”, lamentou.
Contactado hoje pela Lusa, o arqueólogo André Carneiro, professor de Arqueologia Romana na Universidade de Évora (UÉ), explicou que, naquela passagem sobre a Ribeira Grande, existiu “uma ponte romana”, que “foi destruída em finais do século XVI, nas Guerras da Restauração”.
“Na Câmara de Fronteira, está guardado o auto de reconstrução da ponte”, que foi posta novamente de pé “no século XVII, de acordo com “a lógica da ponte que existia lá antes”, ainda que “com algumas diferenças de construção, como na parte do tabuleiro”, disse o especialista.
Além da guerra, ao longo dos séculos, esta ponte de Fronteira sofreu outras destruições, nomeadamente por causa de cheias, como se pode ler na “Monografia da Vila de Fronteira”, da autoria de Fernando Correia Pina, consultada pela Lusa.
Nas cheias de 1604 teve de ser reconstruída e, em 1699, outra cheia “abriu grandes boqueirões no pavimento e a câmara fez uma requisição civil de pedreiros, enxadas e picaretas” para a reconstruir”, pode ler-se.
No que diz respeito ao futuro da ponte, que será hoje alvo de uma vistoria por parte de técnicos da IP, Rogério Silva defendeu que “todas opções são viáveis”, havendo apenas uma que não é: “Que aquela ponte desapareça”.
“Fique ela como percurso pedonal, fique ela apenas como obra de arte não transitável, fique ela como ficar e existir uma ponte nova ao lado, tudo bem, admito que sim”, disse.
Além destes cenários, o autarca admitiu que a ponte pode vir a ser requalificada, caso seja essa a intenção, mas disse desconhecer “se será a melhor ideia do ponto de vista estrutural”.
No entanto, “uma coisa é certa”: A ponte é “um dos símbolos” de Fronteira e “não se pode deitar abaixo” e, se a intenção for essa, “naturalmente” que o município se vai “opor”, afiançou o autarca.
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