Formado em Oxford, com 21 acabados de fazer, James Waddell subiu ao palco da Digital Media Europe 2017, em Copenhaga, para partilhar a experiência da revista The Economist num painel dedicado aos clientes do futuro, que é como quem diz, os millennials, a geração nascida depois de 1980 da qual, por maioria de razão, James pode falar na primeira pessoa.
Numa altura em que as receitas de publicidade da edição impressa da histórica revista estão em queda, aumentar a base de subscritores é fundamental e, para isso, é preciso endereçar esses ditos “clientes de futuro”, que consomem informação sobretudo através das redes sociais e que valorizam a autenticidade, a transparência e a interatividade.
Para o conseguir, é preciso “envolver a The Economist na conversa e tornar a sua voz audível nas plataforma onde os millennials gastam o seu tempo”, diz Waddell. Além disso, é necessário “saber quem são os millennials, o que querem e criar produtos específicos para eles”, acrescenta.
A equipa de redes sociais da The Economist é hoje composta por 10 profissionais, totalmente integrados na redação. “No ano passado deitámos literalmente abaixo a parede que nos separava”, conta Waddell ao SAPO24 em dois minutos de conversa após a apresentação.
Nesta equipa - tal como acontece em muitas publicações, em que um jornalista trabalha uma área temática específica - cada gestor de redes sociais tem uma “especialidade composta por área geográfica e plataforma", detalha. "A minha é o Reino Unido e a Europa, e a plataforma é o Medium”, exemplifica Waddell. “Assim, as pessoas podem focar-se em conhecer determinada audiência, percebendo com maior facilidade o que funciona ou não. Conseguem fazer-se ajustamentos com maior facilidade”, salienta.
E no que a ajustes diz respeito, Waddell lembra que nem sempre se acerta. A incursão da revista no Tumblr não teve sucesso, já na Line - concorrente do WhatsApp criada no Japão e que rapidamente se expandiu na Ásia - os esforços têm vindo a compensar e a equipa tem uma pessoa especializada nesta área geográfica e nesta plataforma.
Voltando ao Medium, uma rede social que se arroga de ser uma plataforma onde se “leem, escrevem e partilham histórias que interessam”, Waddell mostra como a The Economist transpôs para a rede social os valores acima referidos de autenticidade e transparência, e como usa este meio para interagir com os leitores da revista.
A estrutura da revista privilegia uma única voz e um mesmo tom, já no Medium os jornalistas da publicação têm espaço para endereçar alguns dos temas de forma mais direta e pessoal, criando um relacionamento com o leitor. Além disso, o Medium permite a publicação de temas diversificados e que interessam sobretudo aos millennials.
No que à transparência diz respeito, Waddell destaca a rubrica “Inside The Economist [dentro da The Economist]”, onde se levanta o véu sofre a forma como a própria organização opera, a começar pelas reuniões da equipa editorial. Este é também o espaço de eleição para partilhar artigos sobre os jornalistas da publicação que estão a trabalhar no terreno, desmontando desta forma a ideia de que os jornalistas escrevem sem sair da cadeira, sem olhar para o mundo.
Por fim, o Medium, sendo um espaço com maior latitude e liberdade editorial, acaba também por servir para interpelar o leitor, para transformar um monólogo num diálogo.
“Isto é uma estratégia de longo prazo. Não estamos à espera que um jovem de 16 anos pegue no dinheiro da semanada para subscrever a The Economist, mas é importante trazê-los para este ecossistema”, conclui Waddell, o rosto por detrás da gestão da conta da revista no Medium, onde já soma mais de 290 mil seguidores.
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