No banco dos réus estão sentadas 52 pessoas, a maioria das quais são vendedores ambulantes, que estão acusadas dos crimes de tráfico de estupefacientes, tráfico de armas, associação criminosa, branqueamento de capitais e detenção de arma proibida. Alguns dos arguidos estão acusados como reincidentes.
O Tribunal não conseguiu notificar um outro arguido que estará a residir no Luxemburgo, tendo determinado a separação do processo em relação a este.
Apenas 49 arguidos marcaram presença na sessão que ficou marcada pela identificação dos réus, a qual demorou toda a manhã e parte da tarde.
O juiz presidente questionou ainda os arguidos sobre se pretendiam prestar declarações, tendo apenas cinco manifestado intenção de o fazer.
No centro da acusação está uma família do acampamento do Fial, em Albergaria-a-Velha, que, segundo o Ministério Público (MP), se dedicava ao tráfico de estupefacientes e de armas de fogo, pelo menos desde 2002.
Os investigadores referem que com a fuga do patriarca para Espanha, em 2010, após praticar crime de homicídio, foi a matriarca quem assumiu definitivamente o topo da hierarquia familiar na atividade do tráfico de estupefacientes.
A mulher, de 54 anos, seria auxiliada nesta operação por seis filhos (cinco homens e uma mulher), com idades entre os 24 e os 40 anos, e por duas netas, de 20 e 23 anos.
Após a detenção da matriarca, que se encontra a cumprir uma pena de seis anos de prisão por um crime de homicídio por cumplicidade, o MP diz que a liderança do clã passou a pertencer ao filho mais velho, assumindo-se como o “gestor” do tráfico de estupefacientes.
De acordo com a investigação, os arguidos escondiam a droga em buracos nos terrenos e matas adjacentes ao acampamento, de onde o retiravam à medida que necessitavam para vender, e chegavam a utilizar menores para ir buscar o produto estupefaciente ao local onde se encontrava ocultado.
Além da matriarca, um dos filhos também está detido a cumprir uma pena à ordem de outro processo e outros quatro aguardam o julgamento em prisão preventiva.
O processo tem ainda mais 43 arguidos (33 homens e dez mulheres), que ajudariam os principais suspeitos nas vendas ou no manuseamento e transporte da droga.
Destes, sete também se encontram detidos, a maior parte dos quais à ordem de outros processos.
A rede foi desmantelada em julho de 2017, durante uma megaoperação de combate ao tráfico de estupefacientes, que envolveu a realização de cerca de 40 buscas nos distritos de Aveiro, Braga, Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto, Setúbal e Viseu.
Durante a operação, foram apreendidas centenas de doses de heroína, cocaína, ‘crack’ e plantas de canábis, além de 14 armas de fogo, diversas armas brancas, carregadores e mais de mil munições.
Foram ainda apreendidos três veículos, 12.400 euros em numerário, peças em ouro furtadas e diverso material utilizado para a atividade criminosa.
O MP quer que sete arguidos sejam obrigados a pagar mais de 165 mil euros ao Estado que terão conseguido com a sua atividade criminosa, tendo requerido o arresto de várias contas bancárias e terrenos.
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