
O documento é uma atualização anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), que junta mais de três dezenas de países de alto rendimento, tendo como título “Monitoring trade in plastic waste anda scrap 2025”.
Os autores do relatório indicam que desde 2018 as medidas unilaterais e controlos multilaterais alteraram o comércio mundial de resíduos e sucatas de plástico, que está em declínio contínuo a nível mundial.
Os dados, de 2023, também indicam haver uma tendência que pode ser o primeiro sinal de regresso a uma situação em que países ricos exportam resíduos de plástico de baixo valor, difíceis de reciclar, para países mais pobres.
Segundo o relatório, há sinais de “possível preocupação” como alterações na balança comercial dos países da OCDE, invertendo uma tendência para um comércio mais equilibrado.
“Alguns países da OCDE continuam a exportar a maior parte dos seus resíduos e sucatas de plástico para países não pertencentes à OCDE. Por exemplo, a Malásia, o Vietname e a Indonésia continuam a ser os principais destinos de exportação”, diz-se no documento, no qual se questiona alguns países podem gerir os resíduos de forma ambientalmente correta.
Outra das conclusões do relatório indica que os resíduos e sucatas transacionados entre países da OCDE têm um valor mais elevado do que as exportações para países de fora da OCDE, o que sugere que os primeiros são de uma qualidade superior.
No documento diz-se que 22 países da OCDE registaram um declínio nas exportações globais de 2022 a 2023, e que também diminuíram as exportações de cloreto de vinilo (usado para produção de plástico PVC) pelos países da OCDE.
Segundo a organização internacional, é importante continuar a monitorização, que ajudará a identificar sinais de alerta precoce de “possíveis padrões comerciais problemáticos”.
Meia centena de mamíferos marinhos que arrojaram à costa iberica apresentavam plástico no sistema digestivo, revela um estudo da Universidade de Aveiro hoje divulgado.
A investigação, desenvolvida pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESSAM) da Universidade de Aveiro, revela poluição plástica em espécies como o zífio, o cachalote-pigmeu e o cachalote, com base em autópsias realizadas aos cetáceos encontrados na costa portuguesa e espanhola.
“Metade dos cetáceos arrojados entre 1990 e 2019 apresentava lixo no sistema digestivo”, indica o estudo, referindo diversos materiais ingeridos, “sendo a causa da morte em muitos casos”.
A bióloga Sara Sá, do CESSAM, detalha que "a análise dos sistemas digestivos destes animais revelou a presença de sacos e embalagens de plástico, materiais de pesca em plástico e metal, outros objetos metálicos e até luvas de cabedal".
“Estamos a falar de um universo de 107 indivíduos arrojados, com amostras recolhidas desde 2000 em Portugal e 1990 em Espanha”, disse à Lusa Sara Sá.
A investigadora salienta que os materiais encontrados estão relacionados com a pesca e o uso doméstico.
O estudo explica que “a ingestão de macrolixo marinho (lixo com dimensões superiores a 2,5 centímetros) é frequente entre os cetáceos mergulhadores de profundidade na costa Ibero-Atlântica”.
Os cetáceos analisados foram encontrados entre Caminha e Lisboa e no noroeste da Península Ibérica, abrangendo a costa galega, asturiana, cantábrica e basca.
Sara Sá destaca a necessidade de medidas globais contra a acumulação de plástico nos oceanos, especialmente para a conservação de espécies ameaçadas como o cachalote, que foi "muito caçado no passado”.
A investigação foi desenvolvida no âmbito da tese de doutoramento de Sara Sá, com o apoio da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Universidade de Aveiro, Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem (SPVS) e Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF).
O estudo contou com a colaboração com as redes de arrojamento espanholas Coordinadora para o Estudo dos Mamíferos Mariños (CEMMA) e Coordinadora para el Est (CEPESMA).
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