A alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança decidiu abordar o caso do navio Aquarius depois de alguns jornalistas, impedidos de colocarem questões sobre o tema por uma porta-voz da Comissão Europeia, terem abandonado a sala onde decorria a conferência de imprensa de apresentação da proposta setorial para a Defesa prevista no orçamento da UE para 2021-2027.
“Lamento que alguns jornalistas tenham deixado a sala. Quero recordar que, sobre as políticas migratórios, nomeadamente sobre o navio Aquarius, o comissário Dimitris Avramopoulos explicou profusamente a posição europeia ontem”, recordou Federica Mogherini.
Em italiano, a chefe da diplomacia da UE revelou que estão em curso contactos “a todos os níveis” entre o executivo comunitário e as autoridades.
“É evidente para todos que a política migratória da UE tem de ter por base a solidariedade interna, entre os diversos Estados-membros e instituições, e externa, porque a vida dos seres humanos é mais importante do que qualquer outra coisa”, vincou.
Na terça-feira, o comissário europeu da Migração, Assuntos Internos e Cidadania destacou os “esforços hercúleos” da Itália nos últimos três anos no acolhimento de migrantes, considerando que o caso do navio Aquarius foi “apenas um incidente”.
Avramopoulos evitou, no entanto, responder a uma pergunta sobre se a recusa italiana em receber o Aquarius foi ou não legal.
“A questão é se foi adequada ou não, e se está de acordo e em linha com a política de migração europeia e com os compromissos internacionais dos Estados-membros e da UE. Vou aguardar para ver como a situação evolui, e se todos assumem as suas responsabilidades”, disse.
O navio Aquarius, da organização não-governamental SOS Mediterranée, partiu na terça-feira para Espanha, escoltado por duas embarcações da Marinha italiana, com as quais repartiu os 630 migrantes que se encontravam a bordo.
No domingo, o navio foi proibido de atracar em Itália e, depois, em Malta, situação que só foi desbloqueada na segunda-feira com a oferta do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, de acolher o navio em Valência.
Comentários