Estas posições de Luís Montenegro e de Pedro Sánchez foram assumidas na conferência de imprensa final da 35.ª Cimeira Luso-Espanhola, que terminou logo em seguida, apenas com uma ronda de perguntas para jornalistas portugueses e espanhóis, em vez das duas inicialmente combinadas.
O primeiro-ministro português foi questionado sobre o anúncio que fez no Congresso do PSD, no domingo, de criar dois centros de instalação temporária de imigrantes em situação irregular, voltando a reiterar que são mecanismos de “acolhimento e de valorização de dignidade das pessoas”.
“Temos de dar condições para acolher os que não cumpriram ainda as regras. O desfecho pode ser um de dois: ou a sua regularização ou o retorno às suas origens”, afirmou.
Já sobre a política de migrações na União Europeia, Montenegro admitiu que pode ser necessário “fazer reingressar aos países de origem as pessoas que vêm sem nenhum tipo de garantia ou nenhum tipo de regularidade”.
“Portugal, não tendo esse problema no mesmo volume e dimensão, tem de ser solidário para perceber que, em algumas fronteiras externas da União Europeia, tem de haver alguma contenção para favorecer o combate aos tráficos ilegais dos seres humanos e exploração das forças de trabalho”, disse.
Montenegro defendeu a “coragem na Europa de conciliar todos estes interesses com moderação”, repetindo, perante o chefe do Governo espanhol, o lema da política de imigração do executivo PSD/CDS-PP: nem de portas escancaradas, nem de portas fechadas.
Imediatamente em seguida, Pedro Sánchez, também questionado sobre a política migratória da UE, deixou uma consideração geral.
"Penso que há governos europeus que se estão a enganar no foco do debate sobre a imigração, porque o centram em aspetos negativos, estigmatizando o imigrante e identificando a imigração com insegurança”, disse.
O chefe do Governo espanhol salientou que a imigração na Europa “o que faz é procurar um futuro melhor, de oportunidades que lhe negam nos países de origem”.
“Portanto, penso que é obrigação imperiosa da Europa construir um discurso positivo sobre a imigração”, afirmou, sublinhando que o espaço europeu necessita de mão-de-obra para poder continuar a crescer e combater o “inverno demográfico”.
Sánchez admitiu que a imigração “tem de ser ordenada, legal e segura, mas tem de haver imigração", manifestando-se contra propostas de centros para imigrantes em países terceiros, porque “não resolvem nada e criam novos problemas”.
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